terça-feira, 4 de outubro de 2011

Siemens abandona a energia nuclear


Do Boletim eletrônico do Instituto de Engenharia

"O capítulo da indústria nuclear para nós está definitivamente encerrado."

Foi o que afirmou Peter Loescher, diretor-presidente da empresa alemã Siemens, à revista Der Spiegel.
Para ele, o projeto da primeira-ministra Angela Merkel, de desativar todas as centrais nucleares da Alemanha até 2022 é o "projeto do século".

A saída da Siemens da indústria nuclear "é a resposta da empresa ao posicionamento claro da sociedade alemã e de seus dirigentes para o abandono completo da energia nuclear," afirmou ele.

Todas as atuais 17 usinas nucleares alemãs foram construídas pela Siemens.

Angra 3
A Siemens é a fabricante dos equipamentos da usina Angra 3, que estão encaixotados há 25 anos e que começarão a ser montados provavelmente no ano que vem.

Em 2001, a Siemens remodelou sua área de negócios da energia nuclear, formando uma joint-venture com a francesa Areva.

Segundo o site da Eletronuclear, durante a montagem da Usina Angra 3 "a maior participação de estrangeiros se dará principalmente na fase de comissionamento de equipamentos e sistemas da Usina, cabendo à empresa franco-alemã Areva a complementação do fornecimento de parte dos equipamentos, não disponíveis no mercado nacional, e o suporte técnico de alguns serviços específicos de supervisão de montagem e de engenharia."

Fim do sonho nuclear
Em Janeiro de 2009, a Siemens abandonou a joint-venture, mas afirmou que mantinha seu comprometimento com a indústria nuclear, e que continuaria a fornecer equipamentos para a Areva, sobretudo na área de "instrumentação operacional e sistemas de controle".

Agora, a empresa decidiu abandonar inteiramente a indústria nuclear.

A Areva ainda não se pronunciou sobre a decisão da Siemens.

O diretor-presidente da empresa afirmou que a empresa continuará a fabricar equipamentos, como turbinas a vapor, que podem ser usados por centrais termonucleares, mas que não são exclusividade dessa forma de geração de energia.

Enquanto isso, no Brasil, o governo ainda não se decidiu o que fará com o projeto nuclear brasileiro.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Pela primeira vez, governo admite reavaliar energia nuclear

Construção de quatro usinas não é mais certeza no Planalto. Angra 3 continua

Sabrina Lorenzi, iG Rio de Janeiro
01/06/2011 16:31
Foto: Léo Ramos
Usina de Angra 2

As quatro usinas nucleares previstas no Plano Nacional de Energia do governo não são mais certeza no Planalto. Pela primeira vez desde a inclusão do programa nuclear no planejamento energético, em 2007, o Ministério de Minas e Energia (MME) admitiu que vai reavaliar os projetos, juntamente com o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
 
A mudança no discurso acontece dois dias após a Alemanha anunciar que vai desativar suas unidades atômicas até 2022. Até então, mesmo após o acidente envolvendo centrais nucleares em Fukushima, no Japão, em março deste ano, o governo brasileiro não havia dado sinais de desistência do programa nuclear.
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou nesta quarta-feira que não há decisão definitiva sobre a construção das novas usinas nucleares no Brasil. Angra 3, que já está sendo erguida ao lado de Angra 1 e 2, não estaria em discussão. 

Além das 3 usinas no litoral fluminense, o programa nuclear brasileiro prevê a instalação de quatro centrais com capacidade de geração de 1 mil MW cada - duas no Sudeste e outras duas no Nordeste. Juntas, elas acrescentariam ao sistema eletricidade equivalente a um terço da capacidade de Belo Monte.

Em 2008, Lobão chegou a anunciar que o País teria dezenas (cerca de 50) de usinas nucleares. Em entrevista recente ao iG, antes do anúncio da Alemanha, o presidente da Empresa de Planejamento Energético (EPE), Maurício Tolmasquim, afirmou que seria pouco provável abrir mão da energia nuclear.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

O fechamento das usinas nucleares alemãs

Por cariry
Da BBC Brasil


A coalizão do governo alemão anunciou nesta segunda-feira um acordo para o fechamento de todas as usinas nucleares do país até 2022.

O anúncio, após uma reunião que terminou apenas na madrugada desta segunda-feira, foi feito pelo ministro do Meio Ambiente, Norbert Rottgen.

A chanceler (premiê) Angela Merkel havia estabelecido uma comissão de ética para analisar a energia nuclear após o desastre ocorrido na usina japonesa de Fukushima.

Após o grande terremoto e o tsunami que danificaram a usina japonesa e provocaram um dos maiores desastres nucleares da história, a Alemanha foi palco de grandes protestos contra a energia nuclear.

Energia sustentável

Rottgen afirmou que os sete reatores mais antigos do país, que já estavam parados por uma moratória determinada pelo governo, além da usina nuclear Kruemmel, não serão reativados.

Outros seis reatores devem ser desligados até 2021, e os três mais novos devem ser desativados em 2022.
“É definitivo. O fim das última três usinas nucleares será em 2022. Não haverá cláusula para revisão”, afirmou o ministro.

Antes da reunião que decidiu pelo fechamento das usinas nucleares, Merkel advertiu que “muitas questões ainda têm que ser consideradas”.

“Se você quer deixar algo, também tem que provar como a mudança vai funcionar e como podemos garantir o fornecimento duradouro de energia sustentável”, afirmou a premiê.

Antes da moratória nas usinas nucleares decretada em março, após o acidente em Fukushima, a Alemanha dependia da energia nuclear para 23% de seu suprimento.

A onda de protestos contra a energia nuclear na Alemanha fortaleceu o Partido Verde, que no fim de março venceu as eleições locais em Baden-Wuerttemberg, antes controlada pelo Partido Democrata Cristão, de Merkel.

A manutenção da estratégia brasileira para a energia nuclear


Por cariry
 
Da BBC Brasil

O governo brasileiro planeja seguir em frente com a construção de novas usinas nucleares no país e incorporar as lições tiradas do recente acidente em Fukushima, no Japão, apesar dos apelos de especialistas que pedem uma revisão da estratégia brasileira para a geração de energia nuclear.

Coordenador de Comunicação e Segurança da Eletronuclear (empresa ligada ao governo e responsável pela operação das usinas nucleares brasileiras), José Manuel Diaz Francisco diz que os planos de ampliar a produção de energia nuclear "vão em frente" e que a decisão do governo é correta.

"Vamos continuar os empreendimentos em andamento e acompanhar o que está acontecendo em Fukushima", diz.

Francisco acrescenta que as usinas que serão construídas estão em fase de escolha de locações e ainda não têm tecnologia definida. "(Interromper os planos) Seria atrasar a possibilidade de progresso no Brasil, e por quê? É falta de visão estratégica do crescimento do país", avalia.

Novos reatores

Já para o físico nuclear Luiz Pinguelli Rosa, do Programa de Planejamento Energético da Coppe, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a primeira providência que deveria ser tomada após o acidente no Japão seria "suspender a ideia de construir mais quatro reatores no Brasil".

"É hora de parar para pensar. A tecnologia pode mudar de rumo. Os acidentes de Three Mile Island (nos Estados Unidos) e de Chernobyl implicaram certas mudanças na tecnologia, e Fukushima também vai implicar", afirma.

"Não temos a corda no pescoço para ter que fazer vários reatores agora. Podemos esperar e caminhar com mais segurança", avalia Pinguelli.

"Esse acidente abala seriamente a confiança que os engenheiros tinham na segurança completa de reatores nucleares", diz o físico José Goldemberg, do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (USP), lembrando que o acidente foi o primeiro caso grave desde Chernobyl.

Para Goldemberg, o episódio no Japão vai levar países que não dependem de energia nuclear a se voltarem para outras opções. "É o caso do Brasil, e é a posição que defendo. O país tem amplos recursos hidrelétricos ainda não aproveitados, bioenergia, energia eólica. Não tem necessidade de expandir o programa nuclear, que pode se tornar uma fonte de problemas." 

Lições

Diretor do departamento de Radioproteção e Segurança Nuclear da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Laércio Vinhas diz que, a partir de Fukushima, a comissão está analisando suas normas de segurança e a Eletronuclear está verificando seus procedimentos.

"Depois de todo acidente, a indústria nuclear faz uma análise bastante detalhada do que aconteceu e busca as lições que devem ser aprendidas. Essas melhorias são incorporadas nos reatores existentes e nos projetos de futuros reatores", afirma Vinhas.

A usina nuclear de Fukushima, no nordeste do Japão, foi atingida por um tsunami após o terremoto do dia 11 de março, que desativou o gerador a diesel que deveria assegurar o suprimento de eletricidade para a usina.

Após o acidente, a Eletronuclear anunciou medidas para aumentar seu sistema de segurança e aprimorar o planejamento de emergência em suas duas usinas em Angra dos Reis, no litoral do Estado do Rio de Janeiro.

A empresa planeja construir píeres próximos às usinas para possibilitar a evacuação de moradores pelo mar; contratar uma empresa para monitorar as encostas da região, onde recentemente houve deslizamentos; e construir uma pequena central hidrelétrica caso o fornecimento de energia elétrica seja interrompido e os geradores a diesel falhem, como ocorreu em Fukushima.

Francisco diz que as medidas já estavam sendo estudadas, mas serão "aceleradas" após o episódio no Japão. Ele afirma que uma comissão da empresa estuda a evolução do acidente em Fukushima e que as lições tiradas serão incorporadas tanto às usinas de Angra dos Reis como às que forem projetadas no futuro.

"Vai haver uma demanda muito grande para que tomemos ações mais fortes em resposta às conclusões que aparecerem, aumentando as margens de segurança e dando mais oportunidade aos sistemas de segurança das usinas", diz o representante da Eletronuclear. 

terça-feira, 24 de maio de 2011

Tepco admite fusão nos reatores nucleares 2 e 3 de Fukushima

Operadora da central atômica só admita a fusão no reator um do complexo. Segundo porta-voz da usina, reatores seguem sendo resfriados.
Do G1, com agências internacionais *

A Tokyo Electric Power (Tepco), concessionária que opera a central nuclear de Fukushima Daiichi, no Japão, admitiu nesta terça-feira (24) que houve fusão do combustível em três reatores do complexo, e não apenas em um, como foi anunciado anteriormente.

“É muito possível que tenha ocorrido fusão nos reatores dois e três”, disse um porta-voz da Tepco, que já havia admitido a mesma situação no reator um da central atômica. “A maior parte do combustível caiu, provavelmente, ao fundo (do vaso de pressão), como no reator número um”, acrescentou o porta-voz.

Esta é a primeira vez que a Tepco admite a fusão do combustível dos reatores dois e três. Os reatores “estão sendo submetidos a operações de resfriamento e sua condição é estável”, informou o porta-voz da concessionária.

Durante várias semanas após o desastre de 11 de março passado, provocado por um potente terremoto e um devastador tsunami, a Tepco e o governo japonês admitiram apenas uma fusão parcial, afirmando que os reatores estavam relativamente estáveis.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

O impasse do urânio em Caetité: continua o impasse sobre o destina da carga nuclear

Do blog Bahia na Rede

Por Zoraide Vilasboas, de Caetité

A reunião ocorrida no dia de hoje na Prefeitura de Caetité não decidiu o destino da carga radioativa que mantem populações de municípios baianos em estado de alerta contra a presença do comboio nuclear em seus territórios. O setor nuclear, com seus apoiadores históricos em Caetité, tentam ganhar o controle da situação em nome de um suposto consenso sobre o rumo que a carga tomará. Mas, uma solução parece ficar cada dia mais difícil, especialmente pela omissão dos poderes públicos responsáveis pela fiscalização da atividade da mineração radioativa.


Depois de ter deixado a região em polvorosa, ao trazer de São Paulo para Caetité, toneladas de material radioativo, sem nenhuma comunicação pública à sociedade e autoridades municipais e estaduais, pela primeira vez, a INB, em lugar de impor suas ações “sigilosas”, se viu obrigada a negociar com a população afetada pelos impactos sócio-ambientais da mineração. Na reunião de hoje, conseguiu formalizar “uma comissão para análise e posteriormente deliberar sobre o destino do material radioativo, após inspeção “in loco” e com o apoio de técnicos para verificar quanto à existência, ou não, de riscos adicionais no processo de reentamboramento do material”, segundo ata da reunião, divulgada no site da Prefeitura.

A comissão tem representantes do Poder Executivo, Legislativo, Ministério Público Federal, Comissão Pastoral do Meio Ambiente, Conselho de Segurança, Sindicato dos Mineradores, do Executivo Municipal de Guanambi e da Sociedade Civil de Guanambi. Nova reunião vai ocorrer amanhã, 9 horas, na sede da Prefeitura de Caetité, para dar sequência a negociação. Ainda segundo o documento, a INB se comprometeu a não transportar o material radioativo para o município de Caetité, no prazo de vinte e quatro horas, ou durante o tempo que a comissão depender para concluir seus trabalhos, os quais deverão ser realizados com a maior brevidade possível, sem prejuízo do suporte técnico que se fizer necessário para responder às indagações da sociedade sobre o transporte, processamento e posterior exportação do referido material”. Mas a situação não parece estar superada, como informa matéria abaixo de representantes do Greenpeace que estão região, acompanhando o desenrolar dos fatos. A população está aguardando providências por parte dos Ministérios Públicos Estadual e Federal, a quem reivindicaram uma inspeção da carga e as providências cabíveis diante situação.

domingo, 15 de maio de 2011

Japão amplia área de exclusão perto de usina nuclear

15 de maio de 2011
AE - Agência Estado

O Japão deu início no domingo à primeira retirada de moradores fora de uma zona de exclusão do governo depois que o terremoto e tsunami de 11 de março ter afetado o funcionamento de uma das usinas de energia nuclear do país.

Cerca de 4 mil moradores da vila de Iidate-mura e outras 1.100 pessoas na cidade de Kawamata-cho passaram a enfrentar realocações graduais para casas públicas, hotéis e outras instalações em cidades próximas.

Essas comunidades ficam fora do raio de 20 quilômetros a partir da usina de Fukushima Daiichi, região oficialmente designada como área de retirada forçada de pessoas devido aos riscos à saúde pelo vazamento de radiação da usina.

O governo disse às pessoas em comunidades como Iidate-mura que elas tinham que sair, mas as autoridades não devem punir aquelas que optarem por ficar. A região recebeu altos volumes de materiais radioativos devido aos ventos.

A usina, operada pela Tokyo Electric Power Co. (Tepco) foi devastada pelo terremoto de magnitude 9 e pelo tsunami que se seguiu, o que provocou a pior crise atômica mundial em 25 anos.

Equipes de emergência também deram início a uma reavaliação da situação do reator 1 na usina depois de descobrir que o combustível dentro da instalação aparentemente tinha derretido, disse a Tepco.

Cerca de 3 mil toneladas de água altamente radioativa foram descobertas embaixo do reator número 1, o que forçou autoridades a pensar em maneiras de bombear essa água para fora e processá-la, disse a empresa. As informações são da Dow Jones.