terça-feira, 4 de outubro de 2011

Siemens abandona a energia nuclear


Do Boletim eletrônico do Instituto de Engenharia

"O capítulo da indústria nuclear para nós está definitivamente encerrado."

Foi o que afirmou Peter Loescher, diretor-presidente da empresa alemã Siemens, à revista Der Spiegel.
Para ele, o projeto da primeira-ministra Angela Merkel, de desativar todas as centrais nucleares da Alemanha até 2022 é o "projeto do século".

A saída da Siemens da indústria nuclear "é a resposta da empresa ao posicionamento claro da sociedade alemã e de seus dirigentes para o abandono completo da energia nuclear," afirmou ele.

Todas as atuais 17 usinas nucleares alemãs foram construídas pela Siemens.

Angra 3
A Siemens é a fabricante dos equipamentos da usina Angra 3, que estão encaixotados há 25 anos e que começarão a ser montados provavelmente no ano que vem.

Em 2001, a Siemens remodelou sua área de negócios da energia nuclear, formando uma joint-venture com a francesa Areva.

Segundo o site da Eletronuclear, durante a montagem da Usina Angra 3 "a maior participação de estrangeiros se dará principalmente na fase de comissionamento de equipamentos e sistemas da Usina, cabendo à empresa franco-alemã Areva a complementação do fornecimento de parte dos equipamentos, não disponíveis no mercado nacional, e o suporte técnico de alguns serviços específicos de supervisão de montagem e de engenharia."

Fim do sonho nuclear
Em Janeiro de 2009, a Siemens abandonou a joint-venture, mas afirmou que mantinha seu comprometimento com a indústria nuclear, e que continuaria a fornecer equipamentos para a Areva, sobretudo na área de "instrumentação operacional e sistemas de controle".

Agora, a empresa decidiu abandonar inteiramente a indústria nuclear.

A Areva ainda não se pronunciou sobre a decisão da Siemens.

O diretor-presidente da empresa afirmou que a empresa continuará a fabricar equipamentos, como turbinas a vapor, que podem ser usados por centrais termonucleares, mas que não são exclusividade dessa forma de geração de energia.

Enquanto isso, no Brasil, o governo ainda não se decidiu o que fará com o projeto nuclear brasileiro.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Pela primeira vez, governo admite reavaliar energia nuclear

Construção de quatro usinas não é mais certeza no Planalto. Angra 3 continua

Sabrina Lorenzi, iG Rio de Janeiro
01/06/2011 16:31
Foto: Léo Ramos
Usina de Angra 2

As quatro usinas nucleares previstas no Plano Nacional de Energia do governo não são mais certeza no Planalto. Pela primeira vez desde a inclusão do programa nuclear no planejamento energético, em 2007, o Ministério de Minas e Energia (MME) admitiu que vai reavaliar os projetos, juntamente com o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
 
A mudança no discurso acontece dois dias após a Alemanha anunciar que vai desativar suas unidades atômicas até 2022. Até então, mesmo após o acidente envolvendo centrais nucleares em Fukushima, no Japão, em março deste ano, o governo brasileiro não havia dado sinais de desistência do programa nuclear.
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou nesta quarta-feira que não há decisão definitiva sobre a construção das novas usinas nucleares no Brasil. Angra 3, que já está sendo erguida ao lado de Angra 1 e 2, não estaria em discussão. 

Além das 3 usinas no litoral fluminense, o programa nuclear brasileiro prevê a instalação de quatro centrais com capacidade de geração de 1 mil MW cada - duas no Sudeste e outras duas no Nordeste. Juntas, elas acrescentariam ao sistema eletricidade equivalente a um terço da capacidade de Belo Monte.

Em 2008, Lobão chegou a anunciar que o País teria dezenas (cerca de 50) de usinas nucleares. Em entrevista recente ao iG, antes do anúncio da Alemanha, o presidente da Empresa de Planejamento Energético (EPE), Maurício Tolmasquim, afirmou que seria pouco provável abrir mão da energia nuclear.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

O fechamento das usinas nucleares alemãs

Por cariry
Da BBC Brasil


A coalizão do governo alemão anunciou nesta segunda-feira um acordo para o fechamento de todas as usinas nucleares do país até 2022.

O anúncio, após uma reunião que terminou apenas na madrugada desta segunda-feira, foi feito pelo ministro do Meio Ambiente, Norbert Rottgen.

A chanceler (premiê) Angela Merkel havia estabelecido uma comissão de ética para analisar a energia nuclear após o desastre ocorrido na usina japonesa de Fukushima.

Após o grande terremoto e o tsunami que danificaram a usina japonesa e provocaram um dos maiores desastres nucleares da história, a Alemanha foi palco de grandes protestos contra a energia nuclear.

Energia sustentável

Rottgen afirmou que os sete reatores mais antigos do país, que já estavam parados por uma moratória determinada pelo governo, além da usina nuclear Kruemmel, não serão reativados.

Outros seis reatores devem ser desligados até 2021, e os três mais novos devem ser desativados em 2022.
“É definitivo. O fim das última três usinas nucleares será em 2022. Não haverá cláusula para revisão”, afirmou o ministro.

Antes da reunião que decidiu pelo fechamento das usinas nucleares, Merkel advertiu que “muitas questões ainda têm que ser consideradas”.

“Se você quer deixar algo, também tem que provar como a mudança vai funcionar e como podemos garantir o fornecimento duradouro de energia sustentável”, afirmou a premiê.

Antes da moratória nas usinas nucleares decretada em março, após o acidente em Fukushima, a Alemanha dependia da energia nuclear para 23% de seu suprimento.

A onda de protestos contra a energia nuclear na Alemanha fortaleceu o Partido Verde, que no fim de março venceu as eleições locais em Baden-Wuerttemberg, antes controlada pelo Partido Democrata Cristão, de Merkel.

A manutenção da estratégia brasileira para a energia nuclear


Por cariry
 
Da BBC Brasil

O governo brasileiro planeja seguir em frente com a construção de novas usinas nucleares no país e incorporar as lições tiradas do recente acidente em Fukushima, no Japão, apesar dos apelos de especialistas que pedem uma revisão da estratégia brasileira para a geração de energia nuclear.

Coordenador de Comunicação e Segurança da Eletronuclear (empresa ligada ao governo e responsável pela operação das usinas nucleares brasileiras), José Manuel Diaz Francisco diz que os planos de ampliar a produção de energia nuclear "vão em frente" e que a decisão do governo é correta.

"Vamos continuar os empreendimentos em andamento e acompanhar o que está acontecendo em Fukushima", diz.

Francisco acrescenta que as usinas que serão construídas estão em fase de escolha de locações e ainda não têm tecnologia definida. "(Interromper os planos) Seria atrasar a possibilidade de progresso no Brasil, e por quê? É falta de visão estratégica do crescimento do país", avalia.

Novos reatores

Já para o físico nuclear Luiz Pinguelli Rosa, do Programa de Planejamento Energético da Coppe, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a primeira providência que deveria ser tomada após o acidente no Japão seria "suspender a ideia de construir mais quatro reatores no Brasil".

"É hora de parar para pensar. A tecnologia pode mudar de rumo. Os acidentes de Three Mile Island (nos Estados Unidos) e de Chernobyl implicaram certas mudanças na tecnologia, e Fukushima também vai implicar", afirma.

"Não temos a corda no pescoço para ter que fazer vários reatores agora. Podemos esperar e caminhar com mais segurança", avalia Pinguelli.

"Esse acidente abala seriamente a confiança que os engenheiros tinham na segurança completa de reatores nucleares", diz o físico José Goldemberg, do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (USP), lembrando que o acidente foi o primeiro caso grave desde Chernobyl.

Para Goldemberg, o episódio no Japão vai levar países que não dependem de energia nuclear a se voltarem para outras opções. "É o caso do Brasil, e é a posição que defendo. O país tem amplos recursos hidrelétricos ainda não aproveitados, bioenergia, energia eólica. Não tem necessidade de expandir o programa nuclear, que pode se tornar uma fonte de problemas." 

Lições

Diretor do departamento de Radioproteção e Segurança Nuclear da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Laércio Vinhas diz que, a partir de Fukushima, a comissão está analisando suas normas de segurança e a Eletronuclear está verificando seus procedimentos.

"Depois de todo acidente, a indústria nuclear faz uma análise bastante detalhada do que aconteceu e busca as lições que devem ser aprendidas. Essas melhorias são incorporadas nos reatores existentes e nos projetos de futuros reatores", afirma Vinhas.

A usina nuclear de Fukushima, no nordeste do Japão, foi atingida por um tsunami após o terremoto do dia 11 de março, que desativou o gerador a diesel que deveria assegurar o suprimento de eletricidade para a usina.

Após o acidente, a Eletronuclear anunciou medidas para aumentar seu sistema de segurança e aprimorar o planejamento de emergência em suas duas usinas em Angra dos Reis, no litoral do Estado do Rio de Janeiro.

A empresa planeja construir píeres próximos às usinas para possibilitar a evacuação de moradores pelo mar; contratar uma empresa para monitorar as encostas da região, onde recentemente houve deslizamentos; e construir uma pequena central hidrelétrica caso o fornecimento de energia elétrica seja interrompido e os geradores a diesel falhem, como ocorreu em Fukushima.

Francisco diz que as medidas já estavam sendo estudadas, mas serão "aceleradas" após o episódio no Japão. Ele afirma que uma comissão da empresa estuda a evolução do acidente em Fukushima e que as lições tiradas serão incorporadas tanto às usinas de Angra dos Reis como às que forem projetadas no futuro.

"Vai haver uma demanda muito grande para que tomemos ações mais fortes em resposta às conclusões que aparecerem, aumentando as margens de segurança e dando mais oportunidade aos sistemas de segurança das usinas", diz o representante da Eletronuclear. 

terça-feira, 24 de maio de 2011

Tepco admite fusão nos reatores nucleares 2 e 3 de Fukushima

Operadora da central atômica só admita a fusão no reator um do complexo. Segundo porta-voz da usina, reatores seguem sendo resfriados.
Do G1, com agências internacionais *

A Tokyo Electric Power (Tepco), concessionária que opera a central nuclear de Fukushima Daiichi, no Japão, admitiu nesta terça-feira (24) que houve fusão do combustível em três reatores do complexo, e não apenas em um, como foi anunciado anteriormente.

“É muito possível que tenha ocorrido fusão nos reatores dois e três”, disse um porta-voz da Tepco, que já havia admitido a mesma situação no reator um da central atômica. “A maior parte do combustível caiu, provavelmente, ao fundo (do vaso de pressão), como no reator número um”, acrescentou o porta-voz.

Esta é a primeira vez que a Tepco admite a fusão do combustível dos reatores dois e três. Os reatores “estão sendo submetidos a operações de resfriamento e sua condição é estável”, informou o porta-voz da concessionária.

Durante várias semanas após o desastre de 11 de março passado, provocado por um potente terremoto e um devastador tsunami, a Tepco e o governo japonês admitiram apenas uma fusão parcial, afirmando que os reatores estavam relativamente estáveis.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

O impasse do urânio em Caetité: continua o impasse sobre o destina da carga nuclear

Do blog Bahia na Rede

Por Zoraide Vilasboas, de Caetité

A reunião ocorrida no dia de hoje na Prefeitura de Caetité não decidiu o destino da carga radioativa que mantem populações de municípios baianos em estado de alerta contra a presença do comboio nuclear em seus territórios. O setor nuclear, com seus apoiadores históricos em Caetité, tentam ganhar o controle da situação em nome de um suposto consenso sobre o rumo que a carga tomará. Mas, uma solução parece ficar cada dia mais difícil, especialmente pela omissão dos poderes públicos responsáveis pela fiscalização da atividade da mineração radioativa.


Depois de ter deixado a região em polvorosa, ao trazer de São Paulo para Caetité, toneladas de material radioativo, sem nenhuma comunicação pública à sociedade e autoridades municipais e estaduais, pela primeira vez, a INB, em lugar de impor suas ações “sigilosas”, se viu obrigada a negociar com a população afetada pelos impactos sócio-ambientais da mineração. Na reunião de hoje, conseguiu formalizar “uma comissão para análise e posteriormente deliberar sobre o destino do material radioativo, após inspeção “in loco” e com o apoio de técnicos para verificar quanto à existência, ou não, de riscos adicionais no processo de reentamboramento do material”, segundo ata da reunião, divulgada no site da Prefeitura.

A comissão tem representantes do Poder Executivo, Legislativo, Ministério Público Federal, Comissão Pastoral do Meio Ambiente, Conselho de Segurança, Sindicato dos Mineradores, do Executivo Municipal de Guanambi e da Sociedade Civil de Guanambi. Nova reunião vai ocorrer amanhã, 9 horas, na sede da Prefeitura de Caetité, para dar sequência a negociação. Ainda segundo o documento, a INB se comprometeu a não transportar o material radioativo para o município de Caetité, no prazo de vinte e quatro horas, ou durante o tempo que a comissão depender para concluir seus trabalhos, os quais deverão ser realizados com a maior brevidade possível, sem prejuízo do suporte técnico que se fizer necessário para responder às indagações da sociedade sobre o transporte, processamento e posterior exportação do referido material”. Mas a situação não parece estar superada, como informa matéria abaixo de representantes do Greenpeace que estão região, acompanhando o desenrolar dos fatos. A população está aguardando providências por parte dos Ministérios Públicos Estadual e Federal, a quem reivindicaram uma inspeção da carga e as providências cabíveis diante situação.

domingo, 15 de maio de 2011

Japão amplia área de exclusão perto de usina nuclear

15 de maio de 2011
AE - Agência Estado

O Japão deu início no domingo à primeira retirada de moradores fora de uma zona de exclusão do governo depois que o terremoto e tsunami de 11 de março ter afetado o funcionamento de uma das usinas de energia nuclear do país.

Cerca de 4 mil moradores da vila de Iidate-mura e outras 1.100 pessoas na cidade de Kawamata-cho passaram a enfrentar realocações graduais para casas públicas, hotéis e outras instalações em cidades próximas.

Essas comunidades ficam fora do raio de 20 quilômetros a partir da usina de Fukushima Daiichi, região oficialmente designada como área de retirada forçada de pessoas devido aos riscos à saúde pelo vazamento de radiação da usina.

O governo disse às pessoas em comunidades como Iidate-mura que elas tinham que sair, mas as autoridades não devem punir aquelas que optarem por ficar. A região recebeu altos volumes de materiais radioativos devido aos ventos.

A usina, operada pela Tokyo Electric Power Co. (Tepco) foi devastada pelo terremoto de magnitude 9 e pelo tsunami que se seguiu, o que provocou a pior crise atômica mundial em 25 anos.

Equipes de emergência também deram início a uma reavaliação da situação do reator 1 na usina depois de descobrir que o combustível dentro da instalação aparentemente tinha derretido, disse a Tepco.

Cerca de 3 mil toneladas de água altamente radioativa foram descobertas embaixo do reator número 1, o que forçou autoridades a pensar em maneiras de bombear essa água para fora e processá-la, disse a empresa. As informações são da Dow Jones.

Pesquisa de MS subsidia estudos contra contaminação nuclear de Fukushima

Ítalo Milhomem
Cientistas do National Institute of Radiological Sciences ( Instituto Nacional de Ciências Radiológicas), da cidade de Chiba, no Japão solicitaram o artigo “As conseqüências clínicas da ingestão do césio”, dos médicos pesquisadores da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Petr Melnikov e Lourdes Zélia Zanoni sobre os efeitos do elemento químico césio não radioativo no organismo humano.
A pesquisa brasileira sobre as conseqüências da ingestão humana do césio não radioativo poderá ajudar nos estudos para a proteção da população japonesa de possíveis danos causados pela radiação em conseqüência das explosões dos geradores de energia da usina nuclear de Fukushima, após o tsunami que devastou o Japão em março deste ano.

A pesquisa foi publicada há um ano na revista internacional Biological Trace Element Research, especializada elementos biológicos e químicos.

“Reunimos neste trabalho todo o material existente sobre o comportamento do césio não radioativo no corpo humano e de repente começamos a receber vários pedidos desse artigo”, conta Lourdes.

“Em poucas palavras, este artigo visa conscientizar os efeitos clínicos do césio na população e evitar erros nas propostas de novos medicamentos mal indicados em situações como de Fukushima”, comenta Petr.

A radiação que vazou nas explosões da usina nuclear de Fukushima pode contaminar o ar, o solo e água, prejudicando a população que entrar em contato com esses elementos radioativos.

A radiação pode causa queimaduras, doenças sanguíneas, danos na medula óssea, que levam a leucemia, além de outros tipos de câncer. Os efeitos podem ser sentidos por gerações e gerações afirmam os pesquisadores.

No Brasil já ocorreu acidente com elementos radioativos semelhantes ao de Fukushima, em Goiânia (GO) em 1987, quando catadores de materiais recicláveis desmontaram uma máquina de radioterapia entrando em contato com Césio-137 radioativo.

Esse foi o maior acidente radioativo do Brasil e um dos maiores no mundo ocorrido fora das usinas nucleares.

Em Fukushima foram registrados átomos radioativos de iodo e o césio, este último foi elemento estudado pelos doutores da UFMS.

A presença desses elementos radioativos têm levado as autoridades japonesas a tentarem proteger a população com máscaras e até mesmo roupas especiais em alguns casos, porém não há como investir em massa nesses equipamentos devido ao custo elevado.

Em abril foram detectados no mar níveis de radiação de até 5 milhões de vezes superior ao limite legal. Já o nível de césio radioativo alcançou 1,1 milhão de vezes superior ao limite permitido para o convívio do homem.

A dupla de pesquisadores explica o que está sendo feito no Japão para inibir a contaminação do iodo radioativo.

Segundo a pesquisadora, Lourdes Zélia, a glândula tireóide naturalmente absorve o iodo, essencial para produção de hormônios e no funcionamento de vários órgãos. Geralmente este elemento está presente em alimentos marinhos ou que contenham sal iodado.

“Quando o organismo acumula muito iodo, a tiróide para de absorvê-lo.Então, se você oferece os comprimidos com iodeto de potássio, o iodo comum vai saturar as necessidades da tiróide e o organismo recusará o iodo radioativo contido no ambiente, e assim as pessoas não se contaminam”.

Dr. Petr explica que com o césio, objeto de estudo na sua pesquisa, a situação não se torna tão simples assim como o iodo radioativo.

“É mais complicado. Seria muito atrativo oferecer à população o iodeto de césio e matar dois coelhos com uma cajadada só. Mas o césio já possui certa toxicidade”, comenta Dr Petr.

Os pesquisadores criaram uma base para julgar quais seriam os riscos e as complicações se alguém ingerisse comprimidos com iodeto de césio para evitar a absorção do material radioativo.

“A princípio, o iodeto de césio poderia ser adicionado ao iodeto de potássio, mas em pequenas quantidades, devido seu grau de toxidade.

Em quantidades médias ou altas de césio, o risco à saúde seria maior do que o benefício. No organismo humano, o césio substitui o potássio nas funções fisiológicas do coração e provoca alterações perigosíssimas no ritmo cardíaco”, alerta Drª Lourdes.

sábado, 14 de maio de 2011

Técnico da usina de Fukushima morre após perder a consciência

14/05/2011

É o primeiro trabalhador morto após os tremores e tsunami no Japão. Operadora da usina diz que não há indícios de radiação no corpo da vítima.

Da EFE
 
Um trabalhador da usina nuclear de Fukushima, no Japão, morreu neste sábado (14) após perder a consciência enquanto carregava materiais em um edifício da central, informou a agência japonesa Kyodo.
A Tokyo Electric Power Company (Tepco), operadora da usina, indicou que não foram encontrados resíduos de substâncias radioativas no corpo do homem, que não apresentava feridas aparentes.
 
Esta é a primeira vez que morre um operário de Fukushima enquanto trabalha, já que os outros dois empregados mortos foram vítimas do terremoto e do posterior tsunami que atingiram a usina nuclear em 11 de março.

O operário, que trabalhava com outro companheiro, perdeu a consciência uma hora depois de iniciar sua jornada de trabalho, às 6h locais (18h de sexta-feira pelo horário de Brasília), quando entrava em uma sala médica das instalações de Fukushima.

A Tepco já recebeu críticas pelas falhas nas medidas de segurança de alguns operários, que precisam trabalhar muitas vezes em um ambiente com alta concentração de radiação, assim como pelas condições nas quais vivem seus trabalhadores dentro da central.

Mais de 30 empregados de Fukushima foram expostos a altas concentrações de radiação enquanto realizavam suas tarefas diárias, alguns deles por não seguir medidas de proteção adequadas. Cerca de 15 técnicos ficaram feridos nos primeiros dias da crise pelas explosões nas unidades 1 e 3.

A Tepco avança lentamente nas tarefas para estabilizar os reatores da usina, embora as medidas para resfriar as unidades e reduzir a contaminação tenham permitido na semana passada que os operários pudessem voltar a entrar no reator 1 pela primeira vez desde o início do acidente nuclear.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Energia e Democracia

Nesse excelente artigo do Prof. Cláudio Scarpinella, é possível vislumbrar uma agenda de discussão sobre o papel da energia na sociedade, sobretudo, na perspectiva do controle social da energia. Afinal, quando ocorre uma "lambança" como foi o acidente de Fukushima, quem paga o preço é o conjunto das pessoas que integram a sociedade (já que sociedade não existe, não passa frio, nem fome, nem os efeitos da radiação. É uma abstração: o que existe são as pessoas).

Boa leitura !

Sobre o desastre da Usina de Fukushima, muitas questões vêm sendo levantadas sobre a indústria nuclear e sobre as alternativas para geração de energia elétrica. Nota-se que está presente em todos os debates uma polarização nos debates, em que as posições se cristalizam em verdadeiros “partidos”, dotados de ideologias redutoras da complexidade do problema. Embora não esteja totalmente ausente nos diversos grupos envolvidos, geralmente não se encontra em seus argumentos e propostas visões abrangentes, estratégicas, que conciliem realidade, pretensões de empreendedores e interesses e aspirações das populações.

As declarações de tais “partidos”, além de serem naturalmente parciais, tendem a ignorar as posições uns dos outros, assim como sua força relativa. Nas disputas, essa ignorância tende a produzir decisões ineficientes e ineficazes, não só do ponto de vista da sociedade em geral como do ponto de vista dos próprios grupos em conflito.

Que partidos podemos enxergar no debate sobre a produção de energia elétrica no Brasil? Primeiramente o meu, que é perfeitamente informado, isento de preconceitos e de preferências baseadas em avaliações subjetivas, e de interesses não revelados. Só que você não aceitou esta minha qualificação (nem eu). Como não tenho poder de mando, não tenho como (nem estou tentando) formular um plano estratégico. Vamos, pois, aos outros partidos em ação.

De um lado os partidos dos conservadores, divididos entre reacionários, que se opõem a qualquer mudança, e mercadistas, que defendem apenas as mudanças consistentes com "desenvolvimento econômico", baseado no crescimento das atividades econômicas a partir da lógica de acumulação capitalista.

De outro lado encontram-se os grupos que admitem ou pedem intervenções extra-mercados, estes muito mais divididos. A maior divisão encontra-se entre os que se opõem a qualquer implantação que produza alterações ambientais negativas, em qualquer grau de intensidade, e os que aceitam a inevitabilidade dessas alterações, mas procuram negociar as mudanças visando algum tipo de equilíbrio abrangente.

É fundamental identificar quem constitui ou fomenta os diversos grupos envolvidos, não com a finalidade de cristalizar antagonismos, mas para permitir que o conhecimento mútuo das forças relativas, dos graus de rigidez ou flexibilidade esperadas dos diversos grupos possibilite a superação de impasses nas questões mais importantes. Conhecer esses grupos significa conhecer também seus modos e instrumentos de ação, em particular o uso que eles fazem dos aparelhos do estado.

Outra condição essencial é detectar a presença de manifestações de táticas de cunho fascista na condução da luta política e intelectual, um fenômeno atualmente em ascenção em todo o mundo. Essas táticas são praticadas muitas vezes por iniciativa dos empreendedores interessados em manter suas práticas. Exemplos de táticas fascistas são as manifestações do Tea Party nos EE.UU., e as táticas eleitorais da candidatura José Serra nas recentes eleições brasileiras. Elas são diferentes das formas repressivas baseadas na ação do estado, como as aplicadas sobre populações afetadas pela construção de barragens durante a ditadura militar, mas são igualmente destrutivas dos caminhos da negociação democrática.

Uma forma de negociação realmente igualitária e civilizada constitui a única possibilidade de evolução minimamente racional da sociedade. No passado, propiciou a evolução de vários dos países mais ricos no sentido de melhores condições de vida para toda a sua população. Nunca atingiu níveis satisfatórios devido ao predomínio dos interesses concentrados - grandes corporações industrias, comerciais e atualmente principalmente financeiras. Esses interesses travam a emancipação das populações, e têm conseguido vários retrocessos no processo, inclusive patrocinando guerras imperiais, através do controle cultural e político da sociedade.
Engenheiro Metalurgista, Mestre em Engenharia de Produção e Doutor em Energia, pela Universidade de São Paulo.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Usina nuclear de Hamaoka suspende suas operações no Japão

Usina é a terceira japonesa a encerrar operações após terremoto no país. Empresa não fica na área afetada por tremor que causou acidente nuclear.

Da EFE

A operadora da usina nuclear de Hamaoka (sudoeste de Tóquio) aceitou nesta segunda-feira (9) o pedido do governo japonês de suspender as operações dos reatores dessa central pelo risco sísmico na região onde está localizada, informou a agência "Kyodo".

A empresa operadora, a Chubu Electric Power, tinha adiado este fim de semana sua decisão sobre a reivindicação formal realizada na sexta-feira pelo primeiro-ministro japonês, Naoto Kan.

Ao contrário da usina nuclear de Fukushima (nordeste do Japão), Hamaoka não foi danificada pelo terremoto de magnitude 9 nem pelo devastador tsunami do dia 11 de março, mas fica em uma área com risco de sofrer um terremoto de 8 graus nos próximos 30 anos.
O presidente da Chubu Electric Power Co, Akihisa Mizuno, durante anúncio à imprensa nesta segunda (9), em Nagóia (Foto: Toru Hanai / Reuters)
O presidente da Chubu Electric Power Co, Akihisa Mizuno, durante anúncio à imprensa nesta segunda (9), em Nagóia (Foto: Toru Hanai / Reuters)

Em entrevista coletiva, o presidente da Chub Electric, Akihisa Mizuno, disse que a paralisação da central, que será posta em prática dentro de dois dias, se deve à necessidade de priorizar o bem-estar da população local e de recuperar a confiança da sociedade na energia nuclear depois da crise de Fukushima

A decisão de suspender as operações de todos os reatores da central de Hamaoka, considerada uma das mais perigosas do Japão, foi tomada hoje em uma junta extraordinária da Chubu Electric.

Atualmente somente os reatores 4 e 5 estão operacionais, ainda que a empresa esperasse botar em funcionamento a partir de julho o número 3, em revisão desde antes do terremoto.

Mizuno, que qualificou de "difícil" a decisão tomada nesta segunda, insistiu em que é "temporária", pois o Governo lhe exigiu mais medidas de segurança contra possíveis tsunamis, assinalando que se tentará evitar os problemas derivados de um menor abastecimento de energia.

A usina de Hamaoka fica a cerca de 200 quilômetros ao sudoeste de Tóquio, na beira do mar na província de Shizuoka, onde o Ministério japonês de Ciência estima que haja cerca de 87% de possibilidades de que aconteça um grande terremoto nos próximos 30 anos.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Operários entram pela primeira vez em reator da usina de Fukushima

Usando máscaras, trajes protetores e pesados tanques de oxigênio, 12 operários da Tepco têm a missão de conectar um sistema de ventilação instalado na adjacente unidade de turbinas

05 de maio de 2011
Efe

TÓQUIO - Trabalhadores da Tokyo Electric Power Company (Tepco), operadora da usina nuclear de Fukushima, entraram nesta quinta-feira, 5, no edifício do reator 1 da central, pela primeira vez após o tsunami que em 11 de março inutilizou os sistemas de resfriamento.

A Tepco informou que instalará um dispositivo de purificação do ar para absorver as partículas radioativas, o que no momento dificulta as tarefas para resfriar o reator.

Usando máscaras, trajes protetores e pesados tanques de oxigênio, 12 operários da Tepco têm a missão de conectar um sistema de ventilação instalado na adjacente unidade de turbinas, mediante oito encanamentos.
Segundo informou a rede de televisão NHK, os operários trabalharão em sistema de rodízio em grupos de três e cada um deles permanecerá apenas dez minutos dentro do edifício do reator para evitar uma exposição excessiva à radiação.

Os reatores 1, 2 e 3 de Fukushima Daiichi ficaram sem seu sistema de resfriamento pelo tsunami que alagou a central e a deixou sem eletricidade em 11 de março.

A Tepco espera que o purificador comece a funcionar hoje mesmo e que opere durante três dias seguidos, para diminuir o nível de radiação e fazer com que os operários possam trabalhar durante um prazo maior dentro do edifício do reator.

A previsão é que os trabalhadores se exponham hoje a três milisievert na unidade 1 de Fukushima, onde em 17 de abril um robô detectou radioatividade de 49 milisievert por hora.

A legislação japonesa permite que os operários se exponham a até 250 milisievert anuais na situação de emergência de Fukushima.

Até então ninguém entrara no edifício do reator 1 de Fukushima desde a explosão por combustão de hidrogênio de 12 de março, um dia depois do terremoto e do posterior tsunami que afetaram a central e deixaram 14.785 mortos e 10.271 desaparecidos no Japão.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Detectado alto nível de radiação no mar em Fukushima

04/05/2011

Radioatividade está entre 100 e mil vezes superior ao normal. Amostras da água foram colhidas a 3 km da costa japonesa.

Da EFE
 
A Tokyo Electric Power Company (Tepco), operadora da usina nuclear de Fukushima, informou nesta quarta-feira (4) que tentará reduzir a quantidade de material radioativo no fundo do mar perto da central atômica, no Japão, após ter detectado níveis de radiação entre 100 e 1 mil vezes superiores ao normal.

Por isso, a empresa quer instalar neste mês, em frente à usina, um dispositivo de depuração com zeólita, um mineral que absorve substâncias radioativas, para reduzir a contaminação na água do mar, informou nesta quarta a cadeia “NHK”.

As amostras do estudo, tomadas na semana passada em dois pontos diferentes a uma profundidade entre 20 e 30 metros, continham entre 1.400 e 1.200 becquerel por quilo de césio-137 e césio-134 e entre 98 e 190 becquerel de iodo-131.

As duas localizações ficam a cerca de três quilômetros da costa, próximos aos povoados de Minamisoma e Naraha, 15 km ao norte e 20 km ao sul da central, respectivamente.

As substâncias ficaram depositadas no oceano após serem expelidas ao ar pela usina ou depois de terem sido arrastadas pelos vazamentos de água contaminada que chegaram ao mar, segundo a Tepco.

Na segunda-feira (2), a empresa detectou nível de iodo radioativo 5.800 maior que o permitido em uma mostra de água do reator 2, que sofreu vazamentos nos dias posteriores ao terremoto e tsunami de 11 de março.

A Tepco acredita ser difícil avaliar os resultados das amostras, pois não existem limites legais quanto à presença destas substâncias no leito do oceano, e diz que continuará estudando o impacto destes níveis na vida marinha.

Já o Ministério de Ciência japonês não detectou nenhuma substância radioativa em medições realizadas no fundo do mar, uma 50 km ao sul da central, e a outra, a 200 km ao norte de Tóquio.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Vazamento nuclear obriga evacuação em usina búlgara

27/04/2011 - 16h50
EFE

Um pequeno vazamento de gás radioativo na única usina nuclear da Bulgária, localizada na cidade de Kozloduy, obrigou a evacuação do edifício de um de seus dois reatores, embora segundo informou nesta quarta-feira a Agência de Regulação Nuclear (ARN) búlgara, não há nenhum perigo para a saúde da população.

O acidente ocorreu na terça-feira, dia em que foram completados 25 anos do desastre nuclear de Chernobil, na Ucrânia, mas a ARN só informou a respeito do incidente nesta quarta-feira em comunicado. Durante as obras no isolamento do reservatório primário do reator 5, ocorreu um vazamento de gás Xenon-133 que atingiu os limites máximos de segurança, mas não colocou em risco a exploração do reator, segundo o comunicado.

No entanto, a administração da central decidiu evacuar os funcionários temporariamente e submetê-los a testes de radiação. Nenhum dos empregados apresentou índices acima dos 0,05 milisievert, o valor estipulado pelas normas de segurança, indicou a ARN.

Além disso, a agência acrescentou que não foi detectado um aumento da radiação tanto na central como em seus arredores e informou que foi criada uma comissão especial para determinar as circunstâncias do acidente. Em Kozloduy, que entrou em funcionamento em 1970, só se mantêm em operação dois reatores (5 e 6) do tipo soviético BBEP-1000, depois que em 2007 a União Europeia (UE) colocou como condição para a entrada do país no bloco o fechamento dos outros quatro reatores.

O vazamento acontece depois que a imprensa búlgara publicou nesta quarta-feira documentos de 2006 divulgados pelo WikiLeaks nos quais os diplomatas americanos criticavam "a resistência das autoridades búlgaras a serem totalmente transparentes acerca dos problemas de segurança que afetam seus antigos reatores nucleares".

terça-feira, 26 de abril de 2011

Conheça a cidade construída para substituir Pripyat, perto de Chernobyl

26/04/2011

Slavutich foi erguida em dois anos para abrigar funcionários da usina. Ainda hoje, eles pegam trem diariamente para a zona do desastre nuclear.
Dennis Barbosa Do G1, em Slavutich
 
Há exatos 25 anos, o colapso do reator 4 de Chernobyl levou à retirada forçada de dezenas de milhares de pessoas do entorno da usina. Pripyat, maior núcleo urbano próximo dali, com quase 50 mil habitantes, foi totalmente esvaziada em questão de horas e os moradores nunca puderam retornar.

Assista acima à reportagem em vídeo

Logo após o acidente, o governo soviético decidiu construir uma nova cidade, chamada Slavutich, para abrigar parte os funcionários da usina, que continuou funcionando.
 
O núcleo urbano  fica perto de Chernobyl, mas fora do raio de 30 quilômetros da zona de exclusão da usina. Foi construído em apenas dois anos. Cada bloco de prédios foi erguido por uma diferente república soviética, num esforço conjunto para fazer frente ao maior desastre nuclear da história. É uma pacata cidade numa das regiões mais ermas da Ucrânia.
Trem dos funcionários da usina de Chernobyl chega a Slavutich. (Foto: Dennis Barbosa/G1)
Trem dos funcionários da usina de Chernobyl chega a Slavutich. (Foto: Dennis Barbosa/G1)

Diariamente, centenas de trabalhadores partem diariamente de trem de Slavutich para Chernobyl. Curiosamente, no trajeto, o trem sai da Ucrânia, passa por Belarus e volta a entrar em território ucraniano.
Os funcionários atuam no controle da radiação, na administração do que sobrou da usina. Apesar de já não produzir energia, o complexo é considerado uma planta em funcionamento, já que ainda guarda combustível nuclear.

A cada fim de tarde, o trem dos trabalhadores de Chernobyl chega em Slavutich. Um funcionário  ouvido pelo G1 conta que ainda há 3 mil pessoas trabalhando ali. Ele foi contratado já depois do acidente. Até 2000, ainda se produzia energia no complexo, que então tinha 12 mil pessoas.
Praça principal de Slavutich: sem muitas opções de trabalho. (Foto: Dennis Barbosa/G1)
Praça principal de Slavutich: sem muitas opções de trabalho. (Foto: Dennis Barbosa/G1)

Agora, com o fim das atividades, há cada vez menos empregados por lá. Isso é um problema, porque em Slavutich não há muita coisa para se fazer além de trabalhar na extinta usina. Os jovens da cidade acabam indo embora por falta de oportunidades.

A prefeitura luta para criar alternativas, como conta um funcionária à reportagem do G1, mas além da empresa de energia nuclear, a principal fonte de renda são as pensões do governo.

Testemunha do desastre

Valeriy Dmitriev é ex-engenheiro do departamento de segurança de Chernobyl. Ele foi exposto à radiação em 1986, mas não teve sequelas graves. Teve um leve problema de estômago, mas acredita que, por ter uma boa forma física na época, saiu praticamente ileso.


Homem limpa monumento em Chernobyl em homenagem aos bombeiros que perderam a vida tentando apagar o fogo nos primeiros instantes após a explosão do reator 4 em 9186.  (Foto: Dennis Barbosa/G1)
Homem limpa monumento em Chernobyl em homenagem aos bombeiros que arriscaram suas vidas tentando apagar o fogo nos primeiros instantes após a explosão do reator 4 em 1986.
(Foto: Dennis Barbosa/G1)

"Quem bebia e fumava, levou a pior com a radiação", diz Dmitriev. Logo após o acidente, os chamados liquidadores, homens recrutados de todos os cantos da União Soviética para descontaminar a região, recebiam bebida alcoólica para suportar a tarefa ingrata.

O engenheiro aposentado conta que percebeu que quem bebia absorvia uma dose maior de radiação. Ele trabalhava diretamente na medição dos trabalhadores e garante que muitos dos que bebiam e se expunham à radiação morreram de cirrose.

Cada um dos liquidadores tinha um dosímetro, um contador individual de radiação. Em alguns casos, não chegavam a ficar nem um minuto trabalhando na zona do desastre. Mas muitos foram expostos a níveis excessivos e acabaram morrendo ou ficando com sequelas. No total, mais de 700 mil pessoas estiveram envolvidas na operação de contenção de Chernobyl e têm o status de liquidadores.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Chernobyl, 25 anos

25/04/2011

Na Ucrânia, turistas visitam área contaminada de acesso restrito. Reator que explodiu há 25 anos e cidade fantasma fazem parte do roteiro.

Dennis Barbosa Do G1
 
Ainda é cedo da manhã em Kiev, a capital da Ucrânia, quando o grupo de turistas começa a chegar. A excursão é para um lugar incomum: a chamada zona de exclusão de Chernobyl, palco do maior desastre nuclear da história, há exatos 25 anos. Trata-se de uma região isolada à qual só se pode ter acesso com autorização especial do governo.

O local ainda apresenta radioatividade, por isso cada um dos visitantes tem que assinar um termo isentando os organizadores de qualquer responsabilidade. A viagem até a entrada da zona de exclusão dura cerca de 2 horas. Na chegada, soldados checam a identidade de cada um, e a viagem pode prosseguir. A zona fica numa área remota no norte da Ucrânia, quase na fronteira com Belarus.

Quando aconteceu o acidente, em 1986, todas as pessoas num raio de 30 quilômetros foram retiradas. Anos mais tarde, algumas pessoas, chamadas de recolonizadores, ganharam o direito de voltar, sob sua própria responsabilidade.
Brinquedo abandonado na praça central de Pripyat. (Foto: Dennis Barbosa/G1)
Brinquedo abandonado na praça central de Pripyat. (Foto: Dennis Barbosa/G1)

Dois turistas finlandeses tiram fotos perto de uma placa que indica que se trata de uma zona de radioatividade. Eles dizem não ter medo de vir a um lugar como esse. "Moramos numa cidade próxima a uma usina nuclear, por isso ficamos interessados em vir aqui", conta um deles.

Imagem feita pelo fotógrafo da usina de Chernobyl, Anatoliy Rasskazov, poucas horas após a explosão no reator 4, mostra uma coluna de vapor radioativo saindo da instalação. O fotógrafo foi exposto a 12 vezes o máximo aceitável de radiação naquela época. Morreu no ano passado, após anos lutando contra o câncer e doenças sanguíneas. (Foto: AP) Imagem feita pelo fotógrafo da usina de Chernobyl, Anatoliy Rasskazov, poucas horas após a explosão no reator 4, mostra uma coluna de vapor radioativo saindo da instalação. O fotógrafo foi exposto a 12 vezes o máximo aceitável de radiação naquela época. Morreu no ano passado, após anos lutando contra o câncer e doenças sanguíneas. (Foto: AP)

Os participantes do passeio ganham contadores Geiger, medidores de ratioatividade, para registrar com as próprias mãos os índices de contaminação. Os organizadores garantem que a exposição à radiação  já não é perigosa se o visitante ficar pouco tempo.

Após um rápido almoço na cantina dos funcionários de Chernobyl, o grupo se dirige até o sarcófago, a estrutura de aço construída em torno do reator 4, que explodiu na madrugada de 26 de abril de 1986, durante um teste de queda de potência.

Os operadores queriam reduzir a capacidade do reator para um quarto de sua capacidade, para ver como se comportaria um gerador de emergência movido a diesel, mas ela baixou a menos de 1%.

Quando a potência foi aumentada, no entanto, ela subiu demais e o processo ficou fora de controle. Um incêndio com temperaturas de milhares de graus derreteu a cobertura da usina e material radioativo começou a se dispersar pela região. A nuvem alcançou lugares distantes na Rússia e na Europa Ocidental.

O analista de energia nuclear da organização Greenpeace Shawn Patrick Stencil diz que uma pesquisa independente estima que entre 60 mil e 90 mil pessoas morreram ou irão morrer por causa do desastre. Mas os números oficiais são bem menores, pois as mortes vêm acontecendo aos poucos, e em muitos casos não é possível associá-las diretamente com o acidente.
Mapa Chernobyl (Foto: Editoria de Arte/G1) (Foto: Editoria de Arte/G1) Sarcófago
Para evitar mais dispersão de material contaminante, foi construída uma estrutura de aço conhecida como sarcófago em volta do reator. Ela no entanto já apresenta desgaste e uma nova cobertura está em planejamento para guardar o material radioativo por mais 100 anos.

Pouco tempo após chegar na frente do sarcófago do reator 4, o grupo de turistas precisa sair. O tempo máximo de permanência no local é de 10 minutos.

Depois é hora de visitar Pripyat, a famosa cidade fantasma onde moravam trabalhadores da usina. Mas não sem uma surpresa no trajeto: o ônibus passa num local chamado de "caminho radioativo". O contador Geiger começa a apitar e a marcar números muito mais altos do que foram registrados até mesmo na frente do reator 4.

Ainda assim, a medição é milhões de vezes menor que a registrada perto da usina logo depois do acidente, em 1986. A contaminação da região pelo pó radioativo se deu de forma irregular, por isso há pontos com radiação mais baixa ou mais alta lado a lado.

Pripyat

 
Veja a foto em 360º em alta resolução

Enfim a excursão chega a Pripyat. A entrada na cidade se dá pela Avenida Lênin. O mato toma conta da praça principal e os edifícios estão caindo aos pedaços. No topo de um deles, a foice e o martelo lembram que esta já foi uma cidade modelo da União Soviética.

O guia da turma, Serguei, explica que a evacuação da cidade aconteceu em apenas duas horas. As pessoas foram avisadas de que deveriam deixar o local apenas com documentos e que voltariam quatro dias depois. Elas nunca mais regressaram.
Máscara de gás na sala de aula abandonada: tudo pronto para um eventual ataque. (Foto: Dennis Barbosa/G1)
Máscara de gás na sala de aula abandonada: tudo pronto para um eventual ataque. (Foto: Dennis Barbosa/G1)

Assim como o hotel, a piscina comunitária está arruinada. Tudo foi abandonado subitamente. Andar pelos edifícios de Pripyat não é das coisas mais tranquilas: há pedaços de forro caídos e água pingando por todos os lados.

O ideal seria não entrar em contato com a poeira na zona de exclusão. Mas num lugar em ruínas lugar como esse, isso é praticamente impossível.

Escola
Na escola número 2 de Pripyat, o material escolar está espalhado por todas as partes. "É incrível ver como como todo mundo saiu correndo, deixando tudo para trás. Parece que houve uma guerra", comenta espantada uma turista canadense.

Guerra não houve, mas se houvesse, os moradores de Pripyat estariam preparados. As máscaras de gás espalhadas pelo colégio, para um eventual ataque inimigo, provam isso. Em 1986, ainda estávamos em plena Guerra Fria.

Serguei, o guia, nota que esta era uma típica escola soviética. Ele lembra que também estudou numa escola assim. Entre outras matérias, as crianças tinham treinamento militar. Aprendíam por exemplo, a montar e desmontar um fuzil AK 47 a partir da 7ª série.

O parque de diversões com sua roda gigante e pista de carrinhos é uma das visões mais conhecidas da cidade. Pripyat tinha uma população jovem na época do acidente – a idade média dos quase 50 mil moradores era de 24 anos. Também havia muitas crianças.

A cidade fantasma é a última parada do passeio. Os visitantes ainda têm sua radiação medida antes de irem embora da zona de exclusão e, enfim, retornam para Kiev.
Roda gigante no parque de diversões de Pripyat: a cidade que em outros tempos tinha uma população jovem, ficou parada no tempo. (Foto: Dennis Barbosa/G1)
Roda gigante no parque de diversões de Pripyat: a cidade que em outros tempos tinha uma população jovem, ficou parada no tempo. (Foto: Dennis Barbosa/G1)

domingo, 24 de abril de 2011

Tepco faz primeiras medições detalhadas de radiação em usina

A Tokyo Electric Power (Tepco), operadora da usina nuclear de Fukushima, realizou as primeiras medições detalhadas de radiação dentro da unidade, quase um mês e meio depois do devastador tsunami do dia 11 de março, informou neste domingo a agência local Kyodo.
Para isso, a empresa elaborou um mapa que mostra a radiação em 150 pontos em torno das unidades 1, 2, 3 e 4 da central, que os trabalhadores da Tepco tentam estabilizar depois que o tsunami danificou seu sistema de refrigeração.
 
O mapa, pensado para que os trabalhadores evitem áreas altamente contaminadas, é atualizado periodicamente e é enviado aos técnicos, ao Ministério de Indústria e à Agência de Segurança Nuclear do país.
 
As medições, com dados de quarta-feira passada pela noite, mostram um fragmento de entulho perto do reator 3 que registra uma radiação de 900 milisieverts por hora, segundo a Kyodo. Um trabalhador exposto a este nível de radioatividade alcançaria em apenas 17 minutos o máximo de 250 milisieverts estabelecido pelo governo como limite anual para os operários que trabalham em Fukushima.
 
Os técnicos acreditam que a peça contaminada seja resultado da explosão que aconteceu no dia 13 de março por causa da combustão de hidrogênio na unidade 3. O fragmento foi retirado com maquinaria manuseada por controle remoto e hospedada no interior de um contêiner especial com mais escombros.
 
Para evitar que os operários se exponham a altos níveis de radiação, a empresa usa este método para retirar os escombros.
 
Outra peça procedente do reator 3 registrava 300 milisieverts, enquanto a superfície de um encanamento utilizada para levar água contaminada da unidade 2 até um contêiner especial registrou entre 75 e 86 milisieverts, detalhou a Kyodo.
 
Até agora, 30 técnicos foram expostos a mais de 100 milisieverts, o limite anual habitual em situações de emergência nuclear, embora no caso de Fukushima o governo o tenha elevado a 250 perante a gravidade da situação.
 
Enquanto isso, continuam os esforços para esfriar os reatores 1, 2 e 3 da central e a piscina de combustível do 4, na qual a Tepco injetou neste sábado 140 toneladas de água que conseguiram diminuir a temperatura nesse recipiente de 86 para 66ºC.

Chefe de ação de emergência em Chernobyl defende energia nuclear

Milhares morrem nas estradas e mesmo assim todos usam carros, compara. Yuri Zelinski coordenou limpeza e construiu 'sarcófago' de usina em colapso.

Dennis Barbosa
Do G1, em Kiev
 
No dia seguinte à explosão do reator 4 da usina de Chernobyl, há 25 anos, o engenheiro Yuri Zelinksi, que então trabalhava numa fábrica de equipamento de proteção para funcionários de instalações nucleares, foi chamado pelo governo soviético para ajudar a coordenar os trabalhos de contenção do desastre em território ucraniano.
Nos primeiros 20 dias, como conta, ele chefiou os "liquidadores", milhares de homens chamados para fazer a "limpeza pesada" - juntar o material radioativo, evitando que se espalhasse ainda mais. Depois, passou a organizar a construção do "sarcófago", uma imensa caixa de aço e concreto erguida às pressas para guardar o reator em colapso e seu combustível nuclear.

Yuri Zelinksi dá entrevista em seu escritório em Kiev: apesar de ter vivido o maior desastre nuclear da história, ele defende o uso de energia nuclear. (Foto: Dennis Barbosa/G1)
Yuri Zelinksi dá entrevista em seu escritório em Kiev: apesar de ter vivido o maior desastre nuclear da história, ele defende o uso de energia nuclear. (Foto: Dennis Barbosa/G1)
 
Apesar de ter vivido de perto o maior desastre nuclear da história, Zelinski defende com veemência o uso de energia atômica. "Todo dia, mil pessoas morrem nas estradas. Mas carros ainda são produzidos e todo mundo usa. Os aviões caem, mas as pessoas voam", compara. "Cada pessoa que diz que devemos desativar as usinas nucleares deveria parar de usar energia elétrica", defende.

Zelinski trabalha na construção do 'sarcófago',  em maio de 1986, menos de um mês após o acidente. (Foto: Reprodução)
Zelinski trabalha na construção do 'sarcófago', em maio de 1986, menos de um mês após o  cidente. (Foto: Reprodução)

A visão polêmica que ele tem do episódio e do uso da energia nuclear não para por aí. Ele defende que a União Soviética agiu da forma mais rápida possível e fez o melhor na remoção da população que vivia nas imediações de Chernobyl. Lembra que o acidente aconteceu na madrugada de um sábado (26 de abril de 1986), e que já no domingo Pripyat, uma cidade próxima de 48 mil habitantes, foi esvaziada.

Zelinski rebate as críticas de falta de transparência contra a URSS. O fato de que o líder soviético Mikhail Gorbachov demorou mais de duas semanas para falar do acidente na TV, se deve a que as esferas superiores do regime não entendiam a gravidade do acidente, diz.

"A informação ia dos engenheiros aos diretores, daí para os ministérios e para o governo. No fim dessa escada, a informação não era vista de forma séria", explica. Isso não impediu, no entanto, segundo ele, que a população local fosse rapidamente retirada.

Japão
O construtor do "sarcófago" conta que acompanha diariamente as notícias sobre Fukushima, no Japão, e acredita que o nível de transparência em relação ao que é passado ao público é similar ao de Chernobyl. "Se Fukushima fosse uma questão de governo, não privada, a situação teria sido resolvida mais rapidamente. A companhia privada deixa de fazer o que precisa e o governo é que precisa agir", critica.
Para retirar os moradores da zona de exclusão de 30 quilômetros em volta de Chernobyl, em 1986, os militares soviéticos disseram que era algo apenas temporário, mas os habitantes nunca puderam retornar a suas casas. "A situação no Japão deverá ser igual", diz.

Sangue filtrado
O engenheiro, que hoje chefia uma empresa que desenvolve ultracapacitores (dispositivos de acumulação de energia com capacidade muito superior à de baterias convencionais) não passou ileso pela época do desastre.

Nos primeiros meses, segundo Zelinski, ele trabalhou continuamente na zona de exclusão. Depois, trabalhava durante 3 a cada 10 dias. "Era perigoso ir tão frequentemente, mas não podia passar o trabalho a outro, porque não conseguiria passar as informações necessárias a alguém que me substituísse", explica.

Toda vez que ia para a usina, jogava suas roupas fora. Depois era lavado e tinha a sua radioatividade medida.

Zelinski lembra que muita gente que trabalhou com ele morreu por causa da exposição à radiação e que ele próprio, a certa altura, teve diagnosticada uma imunidade muito baixa. Ele precisou, então, ter todo o seu sangue filtrado para tirar os metais pesados. "O sangue saía de um braço e entrava em outro", conta. O tratamento permitiu que se recuperasse.

O acidente nuclear de Chernobyl completa 25 anos nesta terça-feira (26). Até lá, o G1 publicará uma série de reportagens sobre o desastre.

Na foto de cima, Zelinski, à direita, recebe representante do Instituto Científico de Energia Atômica da URSS. Na foto de baixo, ele aparece perto das obras do sarcófago (3º da esquerda para a direita). (Foto: Reprodução)
Na foto de cima, Zelinski, à direita, recebe representante do Instituto Científico de Energia Atômica da URSS. Na foto de baixo, ele aparece perto das obras do sarcófago (3º da esquerda para a direita). (Foto: Reprodução)

sábado, 23 de abril de 2011

Trabalhadores de Fukushima são expostos a altos índices de radiação

Trinta funcionários registraram níveis superiores ao permitido; Tepco promete assistência

23 de abril de 2011
 
AP

Protesto contra energia nuclear em frente à sede da Tepco. (Kim Kyung-Hoon/Reuters)

MINAMISANRIKU - Trinta trabalhadores da usina nuclear de Fukushima se expuseram a níveis de radiação superiores ao limite estabelecido antes da crise, informou neste sábado, 23, a empresa Tokyo Electric Power Co (Tepco).

O limite, de cem milisieverts ao ano, foi elevado para 250 milisieverts durante a crise nuclear que começou com o terremoto, em março. Nenhum dos trabalhadores, no entanto, alcançou esse novo limite de radiação, segundo a empresa responsável pela usina.

Os vazamentos dos reatores de Fukushima já conseguiram ser estabilizados, mas alguns espaços internos da usina, que foram danificados pelo terremoto e pela tsunami, continuam com altos índices radiação, impossibilitando a entrada de funcionários.

Algumas centenas de trabalhadores efetuaram com dificuldades seus trabalhos em turnos rotativos na usina desde que aconteceu o desastre. A maioria deles são empregados da Tepco ou de empresas afiliadas e possuem idade mediana.

A tsunami avariou o fornecimento elétrico e os sistemas de refrigeração da usina nuclear. Os trabalhadores tiveram dificuldades para conter o vazamento de material radioativo. A empresa responsável por Fukushima afirma que poderá levar um ano inteiro para que retomem o controle total da usina.

O porta-voz da Tepco, Junichi Matsumoto, afirmou que os administradores receberam a instrução de prestarem muita atenção aos funcionários que cheguem perto ao limite de radiação tolerado. Algumas medidas a favor dos trabalhadores poderiam incluir: dispensá-los das tarefas mais perigosas, como o registro de resíduos radioativos, e realocá-los para trabalhos internos, como os administrativos.

Nos Estados Unidos, o limite de exposição à radiação é de 50 milisieverts por ano para trabalhadores de indústrias nucleares. Um indivíduo comum absorve seis milisieverts por ano de fontes naturais e artificiais, como os exames de raio X. Segundo estudiosos, está comprovado que doses acumuladas de 500 milisieverts aumentam o perigo de as pessoas desenvolverem câncer.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Governador de Fukushima diz que usina nuclear não vai reabrir

Presidente da Tepco, que opera a central, pediu desculpas aos japoneses. Governador pediu compensação para agricultores, pescadores e empresas.


Da EFE
 
O governador de Fukushima, Yuhei Sato, disse ao presidente da Tokyo Power Electric Company (Tepco), Masataka Shimizu, que não permitirá que a usina nuclear Fukushima Daiichi volte a funcionar, informou nesta sexta-feira (22) a agência local “Kyodo”.

Foi a primeira reunião entre os dois desde o início da crise nuclear, depois de Sato ter rejeitado duas vezes nas últimas semanas se encontrar com o presidente da Tepco, que opera a central atômica afetada pelos desastres naturais de 11 de março.

No final de março, a companhia informou que fecharia quatro dos seis reatores da usina, sem especificar quais eram seus planos para os outros dois reatores restantes.

Na reunião desta sexta, o governador de Fukushima exigiu também que a concessionária compense economicamente não apenas agricultores e pescadores prejudicados pela radioatividade emitida pela central, mas também as fábricas e as empresas do setor turístico.

Além disso, Sato pediu a Shimizu que melhore as condições de trabalho dos técnicos que tentam estabilizar os reatores danificados.

O responsável pela Tepco pediu desculpas pela situação de emergência e pelos problemascriados aos habitantes de Fukushima.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Japão anuncia zona de exclusão legal em torno da usina de Fukushima

Tóquio, 21 abr (EFE).-

O Governo do Japão decidiu proibir legalmente a entrada de pessoas no raio de 20 quilômetros ao redor da usina nuclear de Fukushima Daiichi, informou nesta quinta-feira o primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, durante visita à zona.

 
Segundo Kan, citado pela agência local "Kyodo", a proibição entrará em vigor à 0h de quinta para sexta-feira.

Até agora, a Administração japonesa recomendava que os moradores da zona evacuassem a área devido ao aumento dos níveis de radiação, mas não exigia isso legalmente.

Entenda o acidente nuclear no Japão


Algumas pessoas, principalmente idosos, ainda permanecem no local, enquanto outros evacuados entram e saem da área de exclusão para reaver seus pertences, informou a emissora "NHK".

Apesar da proibição, o Governo japonês concederá uma permissão especial de entrada de duas horas a um membro de cada família para recuperar seus pertences, precisou o porta-voz do Executivo, Yukio Edano.
As únicas pessoas que não poderão obter esta permissão serão os evacuados em um raio de menos de três quilômetros ao redor da central, acrescentou Edano.

Naoto Kan viajou nesta quinta-feira à província de Fukushima para visitar os evacuados que se encontram nas cidades de Koriyama e Tamura e reunir-se com o governador Yuhei Sato.

Cerca de 80 mil pessoas viviam no raio de 20 quilômetros em torno da central antes do terremoto e do posterior tsunami de 11 de março que danificou seriamente o sistema de resfriamento da usina nuclear.

A Tokyo Electric Power Company (Tepco), empresa operadora da central, anunciou no domingo que prevê devolver o resfriamento estável aos reatores de Fukushima em três meses e levá-los ao estado de "parada fria" em um prazo entre seis e nove meses.

O Governo indicou que, uma vez controlada a central, revisará os perímetros de evacuação, que até o momento afetam todas as localidades em um raio de 20 quilômetros e algumas situadas até 40 quilômetros.


Nível de radiação a que estamos expostos e seus efeitos

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Japão estuda criar zona de exclusão em torno da usina de Fukushima

Tóquio, 20 abr (EFE).-

O Governo do Japão estuda emitir uma ordem para proibir a passagem em um raio de 20 quilômetros em torno da usina de Fukushima, epicentro da crise nuclear gerada pelo terremoto e o posterior tsunami de 11 de março.

O porta-voz do Governo, Yukio Edano, indicou nesta quarta-feira que o Executivo japonês considera esta possibilidade depois que em meados de março declarou a área como zona de evacuação diante da alta do nível de radioatividade, indicou a agência local "Kyodo".

Apesar das evacuações, alguns moradores ainda permanecem na área, em sua maioria idosos que resistem a abandonar seus lares, segundo testemunhos de jornalistas locais que visitaram o local.

Além disso, a imprensa japonesa informou que para impedir a passagem às cercanias da central há apenas barreiras na estrada que podem ser facilmente evitadas pelos veículos.

"Houve gente que entrou na área de evacuação, portanto, para prevenir isto de um modo efetivo, avaliamos com as autoridades locais transformá-la legalmente em uma área de exclusão", disse Edano em entrevista coletiva.

Poucos dias depois do início da crise nuclear, as autoridades ordenaram a evacuação das pessoas no raio de 20 quilômetros em torno da central, ao tempo que houve a recomendação para que os moradores da faixa entre 20 e 30 quilômetros ficassem trancados em casa ou abandonassem a região.

Em 11 de abril, o Governo anunciou a decisão de ampliar, no prazo de um mês, as zonas de evacuação em função da radioatividade detectada em diferentes localidades, uma medida que afetará cidades como Iitate, a 40 quilômetros da usina.

A Tokyo Electric Power Company (Tepco), empresa operadora da central, anunciou no domingo que prevê devolver o resfriamento estável aos reatores de Fukushima em três meses e levá-los ao estado de "parada fria" em um prazo entre seis e nove meses.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Detectada elevada radioatividade nos reatores 1 e 3 de Fukushima

DA EFE, EM TÓQUIO
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A Agência de Segurança Nuclear do Japão indicou nesta segunda-feira que foram detectados elevados níveis de radioatividade nos prédios que abrigam os reatores 1 e 3 da usina nuclear de Fukushima, o que impede os técnicos de entrarem no local.

Segundo informou a agência Kyodo, no domingo (17) dois robôs manuseados por controle remoto mediram os níveis de radiação e outros parâmetros no interior dos prédios de ambos os reatores, cujo sistema de refrigeração, junto com o da unidade 2, ficou seriamente danificado pelo terremoto seguido de tsunami do último dia 11 de março.

As medições mostraram que no reator número 1 a radiação alcançava entre 10 e 49 milisievert por hora, e no 3 entre 28 e 57 milisievert por hora, indicou a Kyodo.

Segundo a rede NHK, na sexta-feira o nível mais alto de radiação detectado na entrada dos edifícios era de 2 a 4 milisievert por hora.

A agência de energia nuclear do Japão declarou que os testes mais recentes mostraram que a radiação quase duplicou na semana passada no mar da cidade de Minamisoma, próximo da usina, chegando a 23 vezes acima dos limites legais.

Uma série de fortes réplicas do tremor sacudiu o leste do país, e as retiradas temporárias de trabalhadores e períodos de falta de energia atrasaram o esforço de recuperação na usina de Fukushima Daiichi.

ESTABILIZAÇÃO

No domingo a Tokyo Electric Power (Tepco), a empresa operadora da central, indicou que espera levar os três reatores com problemas ao estado de "parada fria", sem emitir vazamentos radioativos, em um prazo de seis a nove meses.

O plano estabelece uma primeira etapa, de três meses, na qual os reatores nucleares e as piscinas de combustível usado poderão ser esfriados.

"Calculamos que serão necessários três meses para que o nível de radiação comece a baixar", explicou Tsunehisa Katsumata, presidente da Tepco.

A empresa japonesa também prevê cobrir os prédios dos três reatores danificados em um período de entre seis e nove meses. Este também é o prazo, segundo o ministro do Comércio e Indústria, Banri Kaieda, para que o governo revise a área de evacuação em torno da central.

No momento, o governo decretou uma zona de exclusão de 20 km ao redor da central, mas pediu que a população abandonasse também a zona num raio de 30 km. Cerca de 80.000 pessoas foram evacuadas e o consumo de alimentos nos arredores foi proibido.

Katsumata pediu perdão pela crise provocada pelo acidente nuclear em Fukushima, e disse que sua empresa está tentando "evitar que piore" a situação. As autoridades pressionam a Tepco há vários dias para que a empresa apresentasse um calendário preciso.

A Tepco espera ter pronto no verão (hemisfério norte) um novo sistema para refrigerar os reatores 1, 2 e 3, os que sofreram o acidente, e drenar ao mesmo tempo água contaminada.

Trata-se de um novo sistema de refrigeração que filtrará a água contaminada e a voltará a lançar a essas unidades uma vez limpa, para evitar que se acumule água radioativa nos edifícios dos reatores, como ocorreu até agora.

NÍVEL DO DESASTRE

Dados divulgados na semana passada mostraram que vazou muito mais radiação da usina de Fukushima nos primeiros dias da crise do que se suspeitava, o que levou as autoridades a classificá-la no mesmo nível do desastre de Tchernobil --embora ressaltem que a quantidade de radiação vazada ainda é de apenas 105 da tragédia na Ucrânia.

A Agência de Energia Nuclear do Japão declarou que os testes mais recentes mostraram que a radiação quase duplicou nas últimas semanas no mar da cidade de Minamisoma, próximo da usina, chegando a 23 vezes acima dos limites legais.

Temores de contaminação têm surgido entre os vizinhos do Japão, mas a China disse que o impacto em seu território foi pequeno, observando que a radiação foi somente 1% do que recebeu de Tchernobil.

O saldo do desastre vem aumentando. Mais de 13 mil mortes já foram confirmadas. O custo total da catástrofe, por sua vez, foi estimado em US$ 300 bilhões, tornando-a o desastre natural mais caro da história.