segunda-feira, 30 de maio de 2011

O fechamento das usinas nucleares alemãs

Por cariry
Da BBC Brasil


A coalizão do governo alemão anunciou nesta segunda-feira um acordo para o fechamento de todas as usinas nucleares do país até 2022.

O anúncio, após uma reunião que terminou apenas na madrugada desta segunda-feira, foi feito pelo ministro do Meio Ambiente, Norbert Rottgen.

A chanceler (premiê) Angela Merkel havia estabelecido uma comissão de ética para analisar a energia nuclear após o desastre ocorrido na usina japonesa de Fukushima.

Após o grande terremoto e o tsunami que danificaram a usina japonesa e provocaram um dos maiores desastres nucleares da história, a Alemanha foi palco de grandes protestos contra a energia nuclear.

Energia sustentável

Rottgen afirmou que os sete reatores mais antigos do país, que já estavam parados por uma moratória determinada pelo governo, além da usina nuclear Kruemmel, não serão reativados.

Outros seis reatores devem ser desligados até 2021, e os três mais novos devem ser desativados em 2022.
“É definitivo. O fim das última três usinas nucleares será em 2022. Não haverá cláusula para revisão”, afirmou o ministro.

Antes da reunião que decidiu pelo fechamento das usinas nucleares, Merkel advertiu que “muitas questões ainda têm que ser consideradas”.

“Se você quer deixar algo, também tem que provar como a mudança vai funcionar e como podemos garantir o fornecimento duradouro de energia sustentável”, afirmou a premiê.

Antes da moratória nas usinas nucleares decretada em março, após o acidente em Fukushima, a Alemanha dependia da energia nuclear para 23% de seu suprimento.

A onda de protestos contra a energia nuclear na Alemanha fortaleceu o Partido Verde, que no fim de março venceu as eleições locais em Baden-Wuerttemberg, antes controlada pelo Partido Democrata Cristão, de Merkel.

A manutenção da estratégia brasileira para a energia nuclear


Por cariry
 
Da BBC Brasil

O governo brasileiro planeja seguir em frente com a construção de novas usinas nucleares no país e incorporar as lições tiradas do recente acidente em Fukushima, no Japão, apesar dos apelos de especialistas que pedem uma revisão da estratégia brasileira para a geração de energia nuclear.

Coordenador de Comunicação e Segurança da Eletronuclear (empresa ligada ao governo e responsável pela operação das usinas nucleares brasileiras), José Manuel Diaz Francisco diz que os planos de ampliar a produção de energia nuclear "vão em frente" e que a decisão do governo é correta.

"Vamos continuar os empreendimentos em andamento e acompanhar o que está acontecendo em Fukushima", diz.

Francisco acrescenta que as usinas que serão construídas estão em fase de escolha de locações e ainda não têm tecnologia definida. "(Interromper os planos) Seria atrasar a possibilidade de progresso no Brasil, e por quê? É falta de visão estratégica do crescimento do país", avalia.

Novos reatores

Já para o físico nuclear Luiz Pinguelli Rosa, do Programa de Planejamento Energético da Coppe, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a primeira providência que deveria ser tomada após o acidente no Japão seria "suspender a ideia de construir mais quatro reatores no Brasil".

"É hora de parar para pensar. A tecnologia pode mudar de rumo. Os acidentes de Three Mile Island (nos Estados Unidos) e de Chernobyl implicaram certas mudanças na tecnologia, e Fukushima também vai implicar", afirma.

"Não temos a corda no pescoço para ter que fazer vários reatores agora. Podemos esperar e caminhar com mais segurança", avalia Pinguelli.

"Esse acidente abala seriamente a confiança que os engenheiros tinham na segurança completa de reatores nucleares", diz o físico José Goldemberg, do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (USP), lembrando que o acidente foi o primeiro caso grave desde Chernobyl.

Para Goldemberg, o episódio no Japão vai levar países que não dependem de energia nuclear a se voltarem para outras opções. "É o caso do Brasil, e é a posição que defendo. O país tem amplos recursos hidrelétricos ainda não aproveitados, bioenergia, energia eólica. Não tem necessidade de expandir o programa nuclear, que pode se tornar uma fonte de problemas." 

Lições

Diretor do departamento de Radioproteção e Segurança Nuclear da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Laércio Vinhas diz que, a partir de Fukushima, a comissão está analisando suas normas de segurança e a Eletronuclear está verificando seus procedimentos.

"Depois de todo acidente, a indústria nuclear faz uma análise bastante detalhada do que aconteceu e busca as lições que devem ser aprendidas. Essas melhorias são incorporadas nos reatores existentes e nos projetos de futuros reatores", afirma Vinhas.

A usina nuclear de Fukushima, no nordeste do Japão, foi atingida por um tsunami após o terremoto do dia 11 de março, que desativou o gerador a diesel que deveria assegurar o suprimento de eletricidade para a usina.

Após o acidente, a Eletronuclear anunciou medidas para aumentar seu sistema de segurança e aprimorar o planejamento de emergência em suas duas usinas em Angra dos Reis, no litoral do Estado do Rio de Janeiro.

A empresa planeja construir píeres próximos às usinas para possibilitar a evacuação de moradores pelo mar; contratar uma empresa para monitorar as encostas da região, onde recentemente houve deslizamentos; e construir uma pequena central hidrelétrica caso o fornecimento de energia elétrica seja interrompido e os geradores a diesel falhem, como ocorreu em Fukushima.

Francisco diz que as medidas já estavam sendo estudadas, mas serão "aceleradas" após o episódio no Japão. Ele afirma que uma comissão da empresa estuda a evolução do acidente em Fukushima e que as lições tiradas serão incorporadas tanto às usinas de Angra dos Reis como às que forem projetadas no futuro.

"Vai haver uma demanda muito grande para que tomemos ações mais fortes em resposta às conclusões que aparecerem, aumentando as margens de segurança e dando mais oportunidade aos sistemas de segurança das usinas", diz o representante da Eletronuclear. 

terça-feira, 24 de maio de 2011

Tepco admite fusão nos reatores nucleares 2 e 3 de Fukushima

Operadora da central atômica só admita a fusão no reator um do complexo. Segundo porta-voz da usina, reatores seguem sendo resfriados.
Do G1, com agências internacionais *

A Tokyo Electric Power (Tepco), concessionária que opera a central nuclear de Fukushima Daiichi, no Japão, admitiu nesta terça-feira (24) que houve fusão do combustível em três reatores do complexo, e não apenas em um, como foi anunciado anteriormente.

“É muito possível que tenha ocorrido fusão nos reatores dois e três”, disse um porta-voz da Tepco, que já havia admitido a mesma situação no reator um da central atômica. “A maior parte do combustível caiu, provavelmente, ao fundo (do vaso de pressão), como no reator número um”, acrescentou o porta-voz.

Esta é a primeira vez que a Tepco admite a fusão do combustível dos reatores dois e três. Os reatores “estão sendo submetidos a operações de resfriamento e sua condição é estável”, informou o porta-voz da concessionária.

Durante várias semanas após o desastre de 11 de março passado, provocado por um potente terremoto e um devastador tsunami, a Tepco e o governo japonês admitiram apenas uma fusão parcial, afirmando que os reatores estavam relativamente estáveis.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

O impasse do urânio em Caetité: continua o impasse sobre o destina da carga nuclear

Do blog Bahia na Rede

Por Zoraide Vilasboas, de Caetité

A reunião ocorrida no dia de hoje na Prefeitura de Caetité não decidiu o destino da carga radioativa que mantem populações de municípios baianos em estado de alerta contra a presença do comboio nuclear em seus territórios. O setor nuclear, com seus apoiadores históricos em Caetité, tentam ganhar o controle da situação em nome de um suposto consenso sobre o rumo que a carga tomará. Mas, uma solução parece ficar cada dia mais difícil, especialmente pela omissão dos poderes públicos responsáveis pela fiscalização da atividade da mineração radioativa.


Depois de ter deixado a região em polvorosa, ao trazer de São Paulo para Caetité, toneladas de material radioativo, sem nenhuma comunicação pública à sociedade e autoridades municipais e estaduais, pela primeira vez, a INB, em lugar de impor suas ações “sigilosas”, se viu obrigada a negociar com a população afetada pelos impactos sócio-ambientais da mineração. Na reunião de hoje, conseguiu formalizar “uma comissão para análise e posteriormente deliberar sobre o destino do material radioativo, após inspeção “in loco” e com o apoio de técnicos para verificar quanto à existência, ou não, de riscos adicionais no processo de reentamboramento do material”, segundo ata da reunião, divulgada no site da Prefeitura.

A comissão tem representantes do Poder Executivo, Legislativo, Ministério Público Federal, Comissão Pastoral do Meio Ambiente, Conselho de Segurança, Sindicato dos Mineradores, do Executivo Municipal de Guanambi e da Sociedade Civil de Guanambi. Nova reunião vai ocorrer amanhã, 9 horas, na sede da Prefeitura de Caetité, para dar sequência a negociação. Ainda segundo o documento, a INB se comprometeu a não transportar o material radioativo para o município de Caetité, no prazo de vinte e quatro horas, ou durante o tempo que a comissão depender para concluir seus trabalhos, os quais deverão ser realizados com a maior brevidade possível, sem prejuízo do suporte técnico que se fizer necessário para responder às indagações da sociedade sobre o transporte, processamento e posterior exportação do referido material”. Mas a situação não parece estar superada, como informa matéria abaixo de representantes do Greenpeace que estão região, acompanhando o desenrolar dos fatos. A população está aguardando providências por parte dos Ministérios Públicos Estadual e Federal, a quem reivindicaram uma inspeção da carga e as providências cabíveis diante situação.

domingo, 15 de maio de 2011

Japão amplia área de exclusão perto de usina nuclear

15 de maio de 2011
AE - Agência Estado

O Japão deu início no domingo à primeira retirada de moradores fora de uma zona de exclusão do governo depois que o terremoto e tsunami de 11 de março ter afetado o funcionamento de uma das usinas de energia nuclear do país.

Cerca de 4 mil moradores da vila de Iidate-mura e outras 1.100 pessoas na cidade de Kawamata-cho passaram a enfrentar realocações graduais para casas públicas, hotéis e outras instalações em cidades próximas.

Essas comunidades ficam fora do raio de 20 quilômetros a partir da usina de Fukushima Daiichi, região oficialmente designada como área de retirada forçada de pessoas devido aos riscos à saúde pelo vazamento de radiação da usina.

O governo disse às pessoas em comunidades como Iidate-mura que elas tinham que sair, mas as autoridades não devem punir aquelas que optarem por ficar. A região recebeu altos volumes de materiais radioativos devido aos ventos.

A usina, operada pela Tokyo Electric Power Co. (Tepco) foi devastada pelo terremoto de magnitude 9 e pelo tsunami que se seguiu, o que provocou a pior crise atômica mundial em 25 anos.

Equipes de emergência também deram início a uma reavaliação da situação do reator 1 na usina depois de descobrir que o combustível dentro da instalação aparentemente tinha derretido, disse a Tepco.

Cerca de 3 mil toneladas de água altamente radioativa foram descobertas embaixo do reator número 1, o que forçou autoridades a pensar em maneiras de bombear essa água para fora e processá-la, disse a empresa. As informações são da Dow Jones.

Pesquisa de MS subsidia estudos contra contaminação nuclear de Fukushima

Ítalo Milhomem
Cientistas do National Institute of Radiological Sciences ( Instituto Nacional de Ciências Radiológicas), da cidade de Chiba, no Japão solicitaram o artigo “As conseqüências clínicas da ingestão do césio”, dos médicos pesquisadores da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Petr Melnikov e Lourdes Zélia Zanoni sobre os efeitos do elemento químico césio não radioativo no organismo humano.
A pesquisa brasileira sobre as conseqüências da ingestão humana do césio não radioativo poderá ajudar nos estudos para a proteção da população japonesa de possíveis danos causados pela radiação em conseqüência das explosões dos geradores de energia da usina nuclear de Fukushima, após o tsunami que devastou o Japão em março deste ano.

A pesquisa foi publicada há um ano na revista internacional Biological Trace Element Research, especializada elementos biológicos e químicos.

“Reunimos neste trabalho todo o material existente sobre o comportamento do césio não radioativo no corpo humano e de repente começamos a receber vários pedidos desse artigo”, conta Lourdes.

“Em poucas palavras, este artigo visa conscientizar os efeitos clínicos do césio na população e evitar erros nas propostas de novos medicamentos mal indicados em situações como de Fukushima”, comenta Petr.

A radiação que vazou nas explosões da usina nuclear de Fukushima pode contaminar o ar, o solo e água, prejudicando a população que entrar em contato com esses elementos radioativos.

A radiação pode causa queimaduras, doenças sanguíneas, danos na medula óssea, que levam a leucemia, além de outros tipos de câncer. Os efeitos podem ser sentidos por gerações e gerações afirmam os pesquisadores.

No Brasil já ocorreu acidente com elementos radioativos semelhantes ao de Fukushima, em Goiânia (GO) em 1987, quando catadores de materiais recicláveis desmontaram uma máquina de radioterapia entrando em contato com Césio-137 radioativo.

Esse foi o maior acidente radioativo do Brasil e um dos maiores no mundo ocorrido fora das usinas nucleares.

Em Fukushima foram registrados átomos radioativos de iodo e o césio, este último foi elemento estudado pelos doutores da UFMS.

A presença desses elementos radioativos têm levado as autoridades japonesas a tentarem proteger a população com máscaras e até mesmo roupas especiais em alguns casos, porém não há como investir em massa nesses equipamentos devido ao custo elevado.

Em abril foram detectados no mar níveis de radiação de até 5 milhões de vezes superior ao limite legal. Já o nível de césio radioativo alcançou 1,1 milhão de vezes superior ao limite permitido para o convívio do homem.

A dupla de pesquisadores explica o que está sendo feito no Japão para inibir a contaminação do iodo radioativo.

Segundo a pesquisadora, Lourdes Zélia, a glândula tireóide naturalmente absorve o iodo, essencial para produção de hormônios e no funcionamento de vários órgãos. Geralmente este elemento está presente em alimentos marinhos ou que contenham sal iodado.

“Quando o organismo acumula muito iodo, a tiróide para de absorvê-lo.Então, se você oferece os comprimidos com iodeto de potássio, o iodo comum vai saturar as necessidades da tiróide e o organismo recusará o iodo radioativo contido no ambiente, e assim as pessoas não se contaminam”.

Dr. Petr explica que com o césio, objeto de estudo na sua pesquisa, a situação não se torna tão simples assim como o iodo radioativo.

“É mais complicado. Seria muito atrativo oferecer à população o iodeto de césio e matar dois coelhos com uma cajadada só. Mas o césio já possui certa toxicidade”, comenta Dr Petr.

Os pesquisadores criaram uma base para julgar quais seriam os riscos e as complicações se alguém ingerisse comprimidos com iodeto de césio para evitar a absorção do material radioativo.

“A princípio, o iodeto de césio poderia ser adicionado ao iodeto de potássio, mas em pequenas quantidades, devido seu grau de toxidade.

Em quantidades médias ou altas de césio, o risco à saúde seria maior do que o benefício. No organismo humano, o césio substitui o potássio nas funções fisiológicas do coração e provoca alterações perigosíssimas no ritmo cardíaco”, alerta Drª Lourdes.

sábado, 14 de maio de 2011

Técnico da usina de Fukushima morre após perder a consciência

14/05/2011

É o primeiro trabalhador morto após os tremores e tsunami no Japão. Operadora da usina diz que não há indícios de radiação no corpo da vítima.

Da EFE
 
Um trabalhador da usina nuclear de Fukushima, no Japão, morreu neste sábado (14) após perder a consciência enquanto carregava materiais em um edifício da central, informou a agência japonesa Kyodo.
A Tokyo Electric Power Company (Tepco), operadora da usina, indicou que não foram encontrados resíduos de substâncias radioativas no corpo do homem, que não apresentava feridas aparentes.
 
Esta é a primeira vez que morre um operário de Fukushima enquanto trabalha, já que os outros dois empregados mortos foram vítimas do terremoto e do posterior tsunami que atingiram a usina nuclear em 11 de março.

O operário, que trabalhava com outro companheiro, perdeu a consciência uma hora depois de iniciar sua jornada de trabalho, às 6h locais (18h de sexta-feira pelo horário de Brasília), quando entrava em uma sala médica das instalações de Fukushima.

A Tepco já recebeu críticas pelas falhas nas medidas de segurança de alguns operários, que precisam trabalhar muitas vezes em um ambiente com alta concentração de radiação, assim como pelas condições nas quais vivem seus trabalhadores dentro da central.

Mais de 30 empregados de Fukushima foram expostos a altas concentrações de radiação enquanto realizavam suas tarefas diárias, alguns deles por não seguir medidas de proteção adequadas. Cerca de 15 técnicos ficaram feridos nos primeiros dias da crise pelas explosões nas unidades 1 e 3.

A Tepco avança lentamente nas tarefas para estabilizar os reatores da usina, embora as medidas para resfriar as unidades e reduzir a contaminação tenham permitido na semana passada que os operários pudessem voltar a entrar no reator 1 pela primeira vez desde o início do acidente nuclear.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Energia e Democracia

Nesse excelente artigo do Prof. Cláudio Scarpinella, é possível vislumbrar uma agenda de discussão sobre o papel da energia na sociedade, sobretudo, na perspectiva do controle social da energia. Afinal, quando ocorre uma "lambança" como foi o acidente de Fukushima, quem paga o preço é o conjunto das pessoas que integram a sociedade (já que sociedade não existe, não passa frio, nem fome, nem os efeitos da radiação. É uma abstração: o que existe são as pessoas).

Boa leitura !

Sobre o desastre da Usina de Fukushima, muitas questões vêm sendo levantadas sobre a indústria nuclear e sobre as alternativas para geração de energia elétrica. Nota-se que está presente em todos os debates uma polarização nos debates, em que as posições se cristalizam em verdadeiros “partidos”, dotados de ideologias redutoras da complexidade do problema. Embora não esteja totalmente ausente nos diversos grupos envolvidos, geralmente não se encontra em seus argumentos e propostas visões abrangentes, estratégicas, que conciliem realidade, pretensões de empreendedores e interesses e aspirações das populações.

As declarações de tais “partidos”, além de serem naturalmente parciais, tendem a ignorar as posições uns dos outros, assim como sua força relativa. Nas disputas, essa ignorância tende a produzir decisões ineficientes e ineficazes, não só do ponto de vista da sociedade em geral como do ponto de vista dos próprios grupos em conflito.

Que partidos podemos enxergar no debate sobre a produção de energia elétrica no Brasil? Primeiramente o meu, que é perfeitamente informado, isento de preconceitos e de preferências baseadas em avaliações subjetivas, e de interesses não revelados. Só que você não aceitou esta minha qualificação (nem eu). Como não tenho poder de mando, não tenho como (nem estou tentando) formular um plano estratégico. Vamos, pois, aos outros partidos em ação.

De um lado os partidos dos conservadores, divididos entre reacionários, que se opõem a qualquer mudança, e mercadistas, que defendem apenas as mudanças consistentes com "desenvolvimento econômico", baseado no crescimento das atividades econômicas a partir da lógica de acumulação capitalista.

De outro lado encontram-se os grupos que admitem ou pedem intervenções extra-mercados, estes muito mais divididos. A maior divisão encontra-se entre os que se opõem a qualquer implantação que produza alterações ambientais negativas, em qualquer grau de intensidade, e os que aceitam a inevitabilidade dessas alterações, mas procuram negociar as mudanças visando algum tipo de equilíbrio abrangente.

É fundamental identificar quem constitui ou fomenta os diversos grupos envolvidos, não com a finalidade de cristalizar antagonismos, mas para permitir que o conhecimento mútuo das forças relativas, dos graus de rigidez ou flexibilidade esperadas dos diversos grupos possibilite a superação de impasses nas questões mais importantes. Conhecer esses grupos significa conhecer também seus modos e instrumentos de ação, em particular o uso que eles fazem dos aparelhos do estado.

Outra condição essencial é detectar a presença de manifestações de táticas de cunho fascista na condução da luta política e intelectual, um fenômeno atualmente em ascenção em todo o mundo. Essas táticas são praticadas muitas vezes por iniciativa dos empreendedores interessados em manter suas práticas. Exemplos de táticas fascistas são as manifestações do Tea Party nos EE.UU., e as táticas eleitorais da candidatura José Serra nas recentes eleições brasileiras. Elas são diferentes das formas repressivas baseadas na ação do estado, como as aplicadas sobre populações afetadas pela construção de barragens durante a ditadura militar, mas são igualmente destrutivas dos caminhos da negociação democrática.

Uma forma de negociação realmente igualitária e civilizada constitui a única possibilidade de evolução minimamente racional da sociedade. No passado, propiciou a evolução de vários dos países mais ricos no sentido de melhores condições de vida para toda a sua população. Nunca atingiu níveis satisfatórios devido ao predomínio dos interesses concentrados - grandes corporações industrias, comerciais e atualmente principalmente financeiras. Esses interesses travam a emancipação das populações, e têm conseguido vários retrocessos no processo, inclusive patrocinando guerras imperiais, através do controle cultural e político da sociedade.
Engenheiro Metalurgista, Mestre em Engenharia de Produção e Doutor em Energia, pela Universidade de São Paulo.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Usina nuclear de Hamaoka suspende suas operações no Japão

Usina é a terceira japonesa a encerrar operações após terremoto no país. Empresa não fica na área afetada por tremor que causou acidente nuclear.

Da EFE

A operadora da usina nuclear de Hamaoka (sudoeste de Tóquio) aceitou nesta segunda-feira (9) o pedido do governo japonês de suspender as operações dos reatores dessa central pelo risco sísmico na região onde está localizada, informou a agência "Kyodo".

A empresa operadora, a Chubu Electric Power, tinha adiado este fim de semana sua decisão sobre a reivindicação formal realizada na sexta-feira pelo primeiro-ministro japonês, Naoto Kan.

Ao contrário da usina nuclear de Fukushima (nordeste do Japão), Hamaoka não foi danificada pelo terremoto de magnitude 9 nem pelo devastador tsunami do dia 11 de março, mas fica em uma área com risco de sofrer um terremoto de 8 graus nos próximos 30 anos.
O presidente da Chubu Electric Power Co, Akihisa Mizuno, durante anúncio à imprensa nesta segunda (9), em Nagóia (Foto: Toru Hanai / Reuters)
O presidente da Chubu Electric Power Co, Akihisa Mizuno, durante anúncio à imprensa nesta segunda (9), em Nagóia (Foto: Toru Hanai / Reuters)

Em entrevista coletiva, o presidente da Chub Electric, Akihisa Mizuno, disse que a paralisação da central, que será posta em prática dentro de dois dias, se deve à necessidade de priorizar o bem-estar da população local e de recuperar a confiança da sociedade na energia nuclear depois da crise de Fukushima

A decisão de suspender as operações de todos os reatores da central de Hamaoka, considerada uma das mais perigosas do Japão, foi tomada hoje em uma junta extraordinária da Chubu Electric.

Atualmente somente os reatores 4 e 5 estão operacionais, ainda que a empresa esperasse botar em funcionamento a partir de julho o número 3, em revisão desde antes do terremoto.

Mizuno, que qualificou de "difícil" a decisão tomada nesta segunda, insistiu em que é "temporária", pois o Governo lhe exigiu mais medidas de segurança contra possíveis tsunamis, assinalando que se tentará evitar os problemas derivados de um menor abastecimento de energia.

A usina de Hamaoka fica a cerca de 200 quilômetros ao sudoeste de Tóquio, na beira do mar na província de Shizuoka, onde o Ministério japonês de Ciência estima que haja cerca de 87% de possibilidades de que aconteça um grande terremoto nos próximos 30 anos.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Operários entram pela primeira vez em reator da usina de Fukushima

Usando máscaras, trajes protetores e pesados tanques de oxigênio, 12 operários da Tepco têm a missão de conectar um sistema de ventilação instalado na adjacente unidade de turbinas

05 de maio de 2011
Efe

TÓQUIO - Trabalhadores da Tokyo Electric Power Company (Tepco), operadora da usina nuclear de Fukushima, entraram nesta quinta-feira, 5, no edifício do reator 1 da central, pela primeira vez após o tsunami que em 11 de março inutilizou os sistemas de resfriamento.

A Tepco informou que instalará um dispositivo de purificação do ar para absorver as partículas radioativas, o que no momento dificulta as tarefas para resfriar o reator.

Usando máscaras, trajes protetores e pesados tanques de oxigênio, 12 operários da Tepco têm a missão de conectar um sistema de ventilação instalado na adjacente unidade de turbinas, mediante oito encanamentos.
Segundo informou a rede de televisão NHK, os operários trabalharão em sistema de rodízio em grupos de três e cada um deles permanecerá apenas dez minutos dentro do edifício do reator para evitar uma exposição excessiva à radiação.

Os reatores 1, 2 e 3 de Fukushima Daiichi ficaram sem seu sistema de resfriamento pelo tsunami que alagou a central e a deixou sem eletricidade em 11 de março.

A Tepco espera que o purificador comece a funcionar hoje mesmo e que opere durante três dias seguidos, para diminuir o nível de radiação e fazer com que os operários possam trabalhar durante um prazo maior dentro do edifício do reator.

A previsão é que os trabalhadores se exponham hoje a três milisievert na unidade 1 de Fukushima, onde em 17 de abril um robô detectou radioatividade de 49 milisievert por hora.

A legislação japonesa permite que os operários se exponham a até 250 milisievert anuais na situação de emergência de Fukushima.

Até então ninguém entrara no edifício do reator 1 de Fukushima desde a explosão por combustão de hidrogênio de 12 de março, um dia depois do terremoto e do posterior tsunami que afetaram a central e deixaram 14.785 mortos e 10.271 desaparecidos no Japão.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Detectado alto nível de radiação no mar em Fukushima

04/05/2011

Radioatividade está entre 100 e mil vezes superior ao normal. Amostras da água foram colhidas a 3 km da costa japonesa.

Da EFE
 
A Tokyo Electric Power Company (Tepco), operadora da usina nuclear de Fukushima, informou nesta quarta-feira (4) que tentará reduzir a quantidade de material radioativo no fundo do mar perto da central atômica, no Japão, após ter detectado níveis de radiação entre 100 e 1 mil vezes superiores ao normal.

Por isso, a empresa quer instalar neste mês, em frente à usina, um dispositivo de depuração com zeólita, um mineral que absorve substâncias radioativas, para reduzir a contaminação na água do mar, informou nesta quarta a cadeia “NHK”.

As amostras do estudo, tomadas na semana passada em dois pontos diferentes a uma profundidade entre 20 e 30 metros, continham entre 1.400 e 1.200 becquerel por quilo de césio-137 e césio-134 e entre 98 e 190 becquerel de iodo-131.

As duas localizações ficam a cerca de três quilômetros da costa, próximos aos povoados de Minamisoma e Naraha, 15 km ao norte e 20 km ao sul da central, respectivamente.

As substâncias ficaram depositadas no oceano após serem expelidas ao ar pela usina ou depois de terem sido arrastadas pelos vazamentos de água contaminada que chegaram ao mar, segundo a Tepco.

Na segunda-feira (2), a empresa detectou nível de iodo radioativo 5.800 maior que o permitido em uma mostra de água do reator 2, que sofreu vazamentos nos dias posteriores ao terremoto e tsunami de 11 de março.

A Tepco acredita ser difícil avaliar os resultados das amostras, pois não existem limites legais quanto à presença destas substâncias no leito do oceano, e diz que continuará estudando o impacto destes níveis na vida marinha.

Já o Ministério de Ciência japonês não detectou nenhuma substância radioativa em medições realizadas no fundo do mar, uma 50 km ao sul da central, e a outra, a 200 km ao norte de Tóquio.